Friday, September 30, 2005
Outono
Meus amigos, não sei como é por esse mundo fora mas aqui... é Outono! Os pássaros fizeram uma retirada estratégica, os esquilos andam numa roda viva, as arvores vestem-se de cores quentes antes de sucumbir ao poder insidioso do obtuso Inverno... despi-las-á, o velho malandro...
Os dias mingaram a olhos vistos, sao agora muidinhos, cinzentos e aquosos... mas sem o homem das castanhas!...
Thursday, September 29, 2005
Antibióticos e resistencias
O projecto de Resitencia de Antibioticos, Prevenção e Controlo (ARPAC) envolveu cerca de 300 hospitais de 34 paises. A prevalência de MRSA verificada foi superior nos paises do sul da Europa… olha a surpresa, mais uma vez o trio maravilha… e a incidência era tanto maior quanto maior o volume de antibioticos prescritos.
O estude revelou também que o uso de classes especificas de antibióticos, tais como os macrólidos e as cefalosporinas de terceira geração, está associado a uma incidência superior de MRSA.
O MRSA é uma bactéria encontrada na mucosa nasal e na pele de 20-30% da população saudável (colonização). Normalmente a colonização não representa problema algum, não sendo necessário qualquer tipo de tratamento, sendo apenas essas pessoas portadoras do microrganismo. No entanto, quando a bacteria é transmitida a pessoas que sofrem de outras patologias e se encontram vulneráveis e debilitadas, (doentes que sofreram uma cirurgia, com doenças malignas, catéteres, ou drenos) pode causar infecçoes de uma gravidade extrema e que representam risco de vida.
O problema colocado por esta bacteria, baseia-se na sua resistência aos antibióticos comummente usados (na verdade são conhecidas cerca de 17 especies de MRSA, com diferentes graus de imunidade aos diferentes antibióticos). Enquanto que as espécies não resistentes a meticilina podem ser tratadas com flucloxaciina, eritromicina e cefalosporinas, o MRSA requer tratamento com vancomicina, teicoplamina ou o recente linezolid.
Os resultados do estudo não me surpreendem. Primeiro, em Portugal, na maioria dos hospitais não existe um microbiologista ou um departmento de controlo de infecção. Segundo, não existe uma politica nacional de prescrição de antibioticos, o que significa qua nao há qualquer restrição na escolha dos agentes nem "guidelines" para o seu uso. E terceiro, a maioria dos médicos portugueses prescribe antibioticos com base em duas falácias perigosissimas: por um lado acham que para exterminar uma bactéria mais vale atacá-la com o antibiótico mais poderoso a que puderem deitar mão e por outro que, para determinado antibiótico, a via intravenosa é mais eficaz que a via oral. Ora no primeiro caso trata-se de uma situação semelhante a tentar matar uma mosca com uma bala de canhão e no segundo um erro, uma vez que se a mucosa do estomago estiver intacta e o doente nao apresentar patologias gástricas a absorção se faz normalmente. Além disso, de que cada vez que se administra uma injecção a integridade da pele é quebrada e procede-se a abertura de orificios que os microrganismos usam para entrar no corpo.
Nota: a meticilina é um antibiótico que foi usado há muitos anos no tratamento de infeccoes com Staph. Aureus. Hoje em dia nao é utilizada para o tratamento de infeccoes mas apenas como meio de classificar este tipo particular de resistencia.
Tuesday, September 27, 2005
A minha Galeria
Este é o resultado da semana anterior... assinei-o mas acho que ainda não está acabado... voltarei a ele quando tiver mais um pouco de paciência.
A curiosidade...
Monday, September 26, 2005
Politica dos pequeninos...
O miúdo que pretendia pertencer a um dos grupos e ser consequentemente protegido pelo chefe, acercava-se deste, segredava-lhe ao ouvido "eu estou contigo". A proposta era avaliada nos diversos ângulos, as vantagens e desvantagens pesadas convenientemente e a decisão comunicada ao candidato. Também acontecia o chefe fazer o convite. Tal só se verificava em circunstâncias especiais, por exemplo quando um puto aparecia com algo-um brinquedo novo, canetas de feltro, etc. que elevavam o seu estatuto social. Se bem que os bens ficavam ao dispor do grupo (a negação do seu uso constituía uma ofensa grave que significava a expulsão), ficavam por outro lado protegidos de atentados que poderiam ter como consequência a sua perda. De qualquer maneira, quando ameaçado na sua integridade física ou patrimonial, o franganote disparava em tom de aviso "olha que eu estou com o...". Se o título fosse suficiente para dissuadir o atacante seguia-se em frente, apenas com umas mossas no orgulho. Se não, sofria-se o atentado como se podia e depois chamava-se o chefe para acertar as contas.
É claro que, conforme as circunstâncias e as questões se mudava conveniente de partido. Também acontecia ser-se despromovido por uma razão qualquer, era-se informado pelo chefe "já não estás comigo...". Havia traições ignominiosas, acertos de contas violentos, acordos secretos, emboscadas perigosas.
Sunday, September 25, 2005
Brighton
Para alguns amigos matarem as saudades...
Boas notícias... em Brighton estava sol
Más notícias... o biltre do Tony Blair também la estava... com dezenas e dezenas de polícia e gajos de metrelhadora e cães... resultado, estas cenas tiram a pica a qualquer uma... não comprei NADA... nientes. nikles. zero.nothing!!!!!
Cenas de Domingo...
Hoje chove por aqui... e não é uma dessas chuvas poéticas que trazem no ventre uma promessa outonal. É mesmo daquelas violentas, fustigada pelo vento e por uma raiva já invernal.
Os gatos andaram na tourada durante a noite, a gata deve estar com PMS, num acesso de loucura decidiu espalhar a terra de um dos vasos pela carpete beige...
Preciso de "some retail therapy"... vou para Brighton.
Bom domingo a todos!
Saturday, September 24, 2005
Cantiga de arrolhar (Mirandes)
Cul ró,ró!
Se drume l nino,
cul ró, ró!
Se bai drumindo.
Oh! ró,ró
Oh! ró,ró
que agora ,nó!
You amanhana
bou l molino,
se me quieres algo
sal-me l camino.
Oh! ró,ró
Oh! ró,ró
que agora, nó !
Se tu quieres i you quiero
pega na capa i bamos,
l camino ye de todos,
la capa ye de nós ambos.
Oh! ró, ró,
Oh! ró, ró,
que agora, nó!
Se tu quieres i you quiero
todo se há-de arranjar
you sou mulhier subreciente,
pa la casa gobernar.
Oh! ró,ró,
Oh! ró, ró,
que agora, nó!
Bai-te dende
cabeça de lhana,
que l pai de l nino
yá stá na cama,
Oh! ró,ró,
Oh! ró, ró,
que agora, nó!
Home de fuora
que stás ne l telhado,
l pai de l nino
yá stá deitado...
Oh! ró, ró,
Oh! ró, ró,
que agora, nó!
Friday, September 23, 2005
A minha Galeria
...não sei porquê, hoje estou ferida de saudade!... de Coimbra...
Coimbra foi o primeiro rosto que pintei... - quantas vezes te pintei, Coimbra? Quantas?... não me lembro... tantas! Toda a gente queria ter-te assim, o teu rostinho encantado, levar-te nas lembranças quentes e levar-te assim, emoldurada, e eu pintei-te e agora esses que estão longe sonham-te pelas minhas mãos... como eu te sonho...
Thursday, September 22, 2005
Talidomida- de velha inimiga a nova aliada
Devido às suas actividades sedativas e hipnóticas, bem como ao seu perfil farmacológico aparentemente positivo (efeito rápido, ausência de sedação matinal) foi amplamente usada como indutor do sono. Quando usado por mulheres grávidas a talidomida revelou um efeito positivo na náusea matinal e começou a ser prescrita como anti-emético durante a gestação.
Nos anos 60-61 foi associada ao trágico nascimento de crianças com severas malformações nos membros, quando usada por mães que haviam tomado o medicamento durante o primeiro trimestre de gestação. As principais malformações resultantes eram a amelia (ausência total de um ou mais membros) e a focomelia (ausência dos segmentos médio e proximal das extremidades). Cerca de 45000 fetos foram afectados pelo medicamento e destes, cerca de 12000 resultaram em nascituros com malformações, dos quais apenas 8000 sobreviveram após o primeiro ano de vida.
Este nefasto efeito da talidomida deve-se à sua capacidade de inibir a angioneogénese (formação de vasos sanguíneos) e de interferir com a repliacção do DNA.
A talidomida foi então retirada do mercado e votada ao esqueciemento durante décadas.
No entanto, na última década verificou-se um interesse neste medicamento devido precisamente às suas propriedades imunomodulatórias e anti-neogénicas e o potencial efeito positivo no tratamento de alguns tipos de cancro, nomedamente os mielomas. Muitos cientistas consideram a talidomida o principal agente anti-mieloma surgido em 30 anos.
O preciso mecanismo de acção da talidomida como agente anti-neoplásico não é inteiramente conhecido, no entanto, ela parece ter numerosas acções, incluindo a capacidade de inibir o crescimento e a sobrevivência das células do mieloma de diversas maneiras além de ibibir o crescimento de novos vasos sanguíneos, necessários á sobrevivência de qualquer tecido. Eis alguns dos efeitos deste medicamento no tratamento dos mielomas:
- Inibição da angioneogénese
- Inibição do crescimento e sobrevivência das células estaminais, células tumurais e células na medula óssea
- Alteração da expressão de moléculas de adesão na superfície das células tumurais e células estaminias da medula óssea (estas provocam a libertação de citicinas que induzem o crescimento das células tumurais)
- Estimulação dos Linfócitos-T, que atacam as células tumurais directamente.
Actualmente a talidomida continua a ser estudada em numerosos ensaios clínicos envolvendo combinações desta com outros medicamentos no tratamento quer de mielomas quer de tumores sólidos e hematológicos.
A talidomida tem sido usada com sucesso no tratamento de numerosas outras doenças nomeadamente o Erytema Nodosum Leprosum (lepra), para o qual foi licenciada pela primeira vez em 1998 pela FDA (Food an Drud Administration); outras afecções dermatológicas: lupus erytematoso discoide, pyoderma gangrenosum, eritema multiforme; tratamento de ulceras realcionadas com o HIV e doença de Behçet, etc.
A investigação da talidomida e dos seus numerosos mecanismos de acção continuará por muito tempo. Espera-se que da extensa investigação com este medicamento e os seus promissores análogos estruturais, possa ser sintetizado um análogo que possua os positivos efeitos terapêuticos da talidomida sem os seus trágicos efeitos secundários.
No caso da talidomida pode bem dizer-se... de velha inimiga a nova aliada!
Sem vergonha!
- ihihihih, ai não posso mais....IHIHIHIHHI! prometeu colaborar...ihihihihihi...COM A JUSTIÇA! IHIHIHIHIHI AI, NÃO POSSO MAIS!
- HIIIIIHOOOOO!!!!! HiihiiiHóó! candidatou-se! ai não posso mais... HIIIIIHÓÓÓÓ!
- HIIIIIIHÓÓÓÓ HIIIIHÓÓÓÓOOO e provalvelmente vai haver asnos que vão votar nela!!!! hihihoho!!!!
- E depois dizem que os BURROS SOMOS NÓS! HIIIIHOOOO, ai não posso mais... hihihohoho
Wednesday, September 21, 2005
Tuesday, September 20, 2005
As vindimas
O bagaço que se obtinha depois de extraído o vinho usava-se para destilar uma aguardente transparente e de um odor forte. O alambique de cobre usado para esse efeito era constituído por duas peças que se uniam no plano médio. O recipiente inferior enchia-se com o bagaço, o superior, em cujo interior ocorria a condensação, enchia-se periodicamente com água fria para facilitar o processo. Depois de extraído todo o álcool, substituía-se o conteúdo a destilar. A aguardente assim obtida era um líquido muito límpido, com um travo aveludado e alto teor alcoólico.No bagaço em ebulição, imediatamente após ter sido retirado do alambique, enterrávamos marmelos que o calor acumulado cozia e entranhava de sabores fortes.
Além do vinho e da aguardente fazia-se ainda a jerupiga. Obtida a partir da adição daqueles dois líquidos em quantidades estabelecidas e açúcar, a jerupiga era uma bebida licorosa que se consumia como digestivo ou para acompanhar refeições mais frugais.
Monday, September 19, 2005
A Minha Galeria
Adão e Eva, Óleo sobre tela, 2005
Pronto... está (mais ou menos) completo... de certeza que antes de secar lhe vou dar uns retoques e coisa e tal. Mas pelo menos está apresentável...depois de ter passado três meses à espera no cavalete.
E agora que Inverno está à porta é que me deu aquele furor, aqhela necessidadezinha de pintar. Espero que dure...
Diabetes- novos desenvolvimentos
Sunday, September 18, 2005
Saturday, September 17, 2005
Dicionário de Acordes
... ...
E Londres por entre
a instabilidade dos meus sentidos.
E tu tão perfeito, luminoso- por
entre a chuva.
E tu , todo tu tudo em ti tão perfeito
E eu nos meus genes desmaiados
e sem brilho.
Eu circunflexa
-E tu tão perfeito sob a chuva!
A mim a chuva trespassa-me,
corrói o tecido dos meus pensamentos.
A ti ilumina-te...
Eu sonho-te por entre a chuva
(e Londres desvairada
sob a mesma chuva)
...por entre a inconsistência
dos meus pensamentos.
Fim de semana
Ufffa!
Fim de semana! Tempo para descansar depois de uma semana tão agreste... como preciso de relaxar!
Friday, September 16, 2005
O forasteiro
Várias semanas decorreram e esta rotina repetia-se sem alteraçoes. As perguntas começaram a assaltar o Ti Chico... Pois quem carais seria aquele diabo?
- Intão vocemessê qui ei? Caitxeiro biajante , pori?
O forasterio lançou-lhe um olhar divertido e respondeu:
- O senhor não tem ido muito à missa ultimamente, pois não?
O Ti Chico empalideceu e soltou em tom de suspiro por entre o sorriso desmaiado:
- Ai que ja me fudiste, qu’és o Padre novo!
Thursday, September 15, 2005
EILHES TORNÁN IN MIRANDÉS
Os livros do Astérix e do seu amigo Obélix estão actualmente traduzidos em 110 línguas e dialectos espalhados por todo o mundo, sendo esta tradução um passo importante para a divulgação da língua mirandesa, que se manteve isolada durante séculos nas aldeias do concelho de Miranda do Douro, e parte do concelho de Vimioso, sendo apenas transmitida de geração em geração por via oral. Actualmente a língua mirandesa está confinada a um universo de sete mil falantes de acordo com os últimos censos.
Nas várias edições livrescas de Astérix publicadas nas mais diversas línguas, na contracapa dá-se sempre nota das línguas em que a banda desenhada está traduzida, o que vem dar um novo alento ao mirandês - levando, assim, milhões de leitores a saber da existência de uma língua que se mantém viva num rincão do nordeste transmontano.
O Mirandés é uma língua de origem incerta mas possivelmente relacionada com o grupo Asturiano-Leones. Comecou a emergir como língua autónoma por meados do Séc. XII.
Para os filólogos, o mirandês revela-se em 1882, quando José Leite de Vasconcelos publica uma série de pequenos artigos no jornal O Penafidelense, intitulados "O dialecto mirandez (Notas glottologicas)" que são depois compilados no opúsculo O dialecto mirandez (contribuição para o estudo da dialectologia romanica no dominio glottologico hispanho-lusitano), editado no Porto. É nessa altura que, pela primeira vez, se noticia a existência, em Portugal, de um idioma que não é português nem galego, podendo-se "estabelecer que o mirandês pertence ao domínio espanhol, como próximo do leonês", porém com muitas interferências do português. Em 1900-1901 surge a obra do mesmo autor, em dois volumes, intitulada Estudos de Philologia Mirandesa, em que é descrita uma boa parte da gramática desse idioma e tratado o problemas das suas origens e filiação.
Em 1906, o sábio espanhol Ramon Menéndez Pidal publica El dialecto leonés, em que as similitudes existentes entre a fala descrita por José Leite de Vasconcelos e as falas do território leonês o levam a afirmar uma antiga pertença do mirandês a um domínio linguístico muito mais vasto que o seu pequeno território. Com isso fica demonstrada de modo claro a hipótese de filiação leonesa que José Leite de Vasconcelos timidamente avançara.
Ao longo do século XX, outros sábios abordaram as suas origens e descreveram aspectos do seu funcionamento. De salientar, José Herculano de Carvalho e António Maria Mourinho. Graças aos seus estudos e comunicações, a curiosidade relativamente ao mirandês não desapareceu de todo. Porém ela ressurgiu de uma maneira extraordinária nos últimos anos do século XX, sobretudo após o reconhecimento do Mirandês como uma outra língua oficial de Portugal.
Wednesday, September 14, 2005
Para desanuviar!
Segundo este cartaz é proibido:
- Fornecer Coca-cola...acho muito bem, não ensinar os animaizinhos a consumir produtos dos imperialistas!
- Batatas fritas... ?... e o bife, pode ser?
- Coisas que tenham escrito: Frutos... pois é, os animais nao sabem ler e podem ser induzidos em erro...
- Pão dentado... sim, não sejam forretas, deem um pão inteiro ao bicho
- ...?... desculpem... NÃO SODOMIZAR AS CABRAS? mas quem é que vai ao zoológico para sodomizar cabras? estou mesmo a ver o Sr. van der brick a dizer aos putos "esperem aqui que o pai vai ali e ja vem"! e depois a ir por detrás da cabra e... pimba!
- Folhas de couve... que alivío, já não é necessario passar pelo mercado antes de ir ao zoo!
- Caroços de maçã... forretas!...
- Cigarros tortos... não têm vergonha, a dar os cigarros que não prestam ao hipopotamo!
- Biscoitos que digam "Pettit Beurre"... se for em neerlandês pode ser...
- Gelados de três bolas... são difíceis de agarrar pelos bichos sem mãos... deem antes gelados em copo, de preferencia dos grandes...
Ó meus santinhos... tenham lá paciência!
Saude- Presente
Nos últimos anos, os cientistas têm feito enormes avanços no conhecimento acerca da forma como as células normais se modificam ou se transformam em células cancerosas. Alguns desses avanços incluem a compreensão da forma como substâncias que podem causar o cancro, designadas carcinogéneas, interagem como funcionamento normal dos nossos genes.
O gene HER2, responsável pela produção da proteína HER2, é um proto-oncogene, o que significa que embora a proteína HER2 tenha um papel regulador nas células com funcionamento normal, um erro aleatório no gene HER2 pode eventualmente conduzir ao desenvolvimento de cancro
Cerca de 30% dos cancros da mama sobre-expressam o gene HER2. Estes tumores tendem a crescer mais rapidamente e tem geralmente mais probalidade de recorrer do que os tumores que nao sobre-expressam o HER2.
O potencial do HER2 como um alvo antitumoral , muito promissor e especifico, foi recentemente reconhecido, após relatos sucessivos da eficácia e tolerabilidade do anticorpo monoclonzal anti-HER2 humanizado trastuzumab (Herceptin®). O trastuzumab revelou-se rapidamente como um tratamento essencial para mulheres com cancro da mama HER2-positivo.
Tuesday, September 13, 2005
Mirandés
Quien dirie qu’antre ls matos eiriçados
Las ourriêtas i ls rius d’esta tiêrra,
Bibie, cumo l chaugarço de la siêrra,
Ua lhéngua de sons tan bariados?
Mostre-se i fale-s’ essa lhéngua filha
D’un pobo que ten neilha l choro i l canto!
Nada por ciêrto mos cautiba tanto
Cumo la form' an que l’eideia brilha.
Zgraçiado d’aquel, qu’abandonando
La patri’ an que naciu, la casa i l huôrto.
Tamien se squeçe de la fala!
Quando L furdes ber, talbéç que stéia muôrto!
J. Leite de Vasconcelos In "Flores Mirandesas"
Monday, September 12, 2005
Cuidados de saúde- O Passado
Na aldeia, as explicações da realidade baseavam-se sempre no surreal, no oculto e no espiritismo. Barulhos estranhos, provocados por ratos e outros bichos, os estalidos naturais da madeira, ou todas as manifestações que não eram provocadas por uma causa visível eram facilmente aceites como sinais de bruxaria, se ninguém tivesse coragem para verificar a sua origem.
Brotoejas de toda a espécie, afecções da pele que se manifestavam com verdilhão e edema, apesar de não se ter visto o agente causador, eram consideradas "cocho". Esta palavra englobava um largo espectro de problemas que se acreditava serem originados por bichos nefastos e diabólicos que ninguém vira, que deixavam um rasto de bruxedo prurítico. Perante uma dessas situações, uma das bruxas da aldeia era chamada para esconjurar o mal com rezas e poções feitas de ervas dos montes, ossos de animais e outros ingredientes secretos.
As feridas desinfectavam-se com aguardente, como cicatrizante usava-se a seiva amarela de uma planta que dava umas bobinas da mesma cor. A aguardente era ainda utilizada para bochechar e anestesiar dores de dentes e de garganta. As fissuras anais eram tratadas com azeite. Para as constipações fazia-se um xarope que se obtinha fervendo no pote de ferro à lareira durante largas horas diversas ervas, figos secos e passas de uva. Mais uma vez, também para esta condição, uns goles valentes de aguardente era o tratamento preferido por muitos. Para a maioria das afecções, um caldinho de galinha também ajudava.
Membros partidos ou deslocados eram tratados por pessoas especializadas – os endireitas. O mais próximo vivia em Paçó, para recorrer aos seus serviços era necessário contratar o único táxi da aldeia. Normalmente a viagem era aproveitada por mais do que uma pessoa uma vez que aqueles profissionais possuíam outros poderes curativos directamente transmitidos por Deus, especialmente para maleitas relacionadas com o espírito. Desta índole eram consideradas doenças de difícil compreensão na altura como a epilepsia, a esquizofrenia e outras doenças dos foros psiquiátrico e psicológico. Os endireitas lá tinham nao sei que ligação com as forças do divino e por meio de poderes que ninguém colocava em causa, conseguiam esconjurar os demónios que habitavam os doentes mentais. Mas tão fraquinhas eram essas alminhas, coitadicas!, que passado pouco tempo os rabudos vinham de novo atormentá-las, elas rendiam-se aos dizeres melifluos e as promessas enganosas daqueles malditos e depressa exibiam os horriveis sinais demoniacos.
Sunday, September 11, 2005
Adivinha (Mirandés)
l home se afoga no poço,
i la mulher queda grábida?
Porque nun l sácan a tiempo.
Saturday, September 10, 2005
Poema
Cuidado. O Amor
é um pequeno animal
desprevenido, uma teia
que se desfia
pouco a pouco. Guardo
silêncio
para que possam ouvi-lo
desfazer-se.
Casimiro de Brito
Foto de Lesley Mattuchio
Friday, September 09, 2005
Elvis, a Grande Aventura (cont.)
- ELVIS, ELVIS!- gato preto, não muito gordo, pelo sedoso e brilhante... não parece muito emocionado em nos ver mas também nao é desagradável de todo… é de noite… -Is it Elvis?- pergunta o M. ansioso… não me parece… mas não posso dar-lhe a notícia assim de chofre… - Não sei… é parecido…- M. viu na minha exitação aquilo que queria ver, que o gato era o que procurávamos - IT IS ELVIS! OH ELVIS!!!!! Let’s taking home! …?... ai o carais!
O gato é de facto simpático, depois de ganhar a confiança dele com biscoitos e palavras doces consigo apanhá-lo ao colo… levo-o para casa.
M. e os vizinhos olham pela janela e congratulam-se pelo feliz desfecho. Sob a luz eu começo a verificar que faltam a este gato certas partes anatómicas que o Elvis exibia orgulhosamente. O facto de a gata, Priscilla não reconhecer o bicho aumentou as minhas suspeitas.
M. regressa. Tento dar-lhe a notícia com cuiidado… - darling, she… -SHE, what do you mean she? IT IS ELVIS! ...It is Elvis, isn’t it?... -Darling, Priscilla did nor recognise him... - Of course she did! She is just mad at him, he left her for other pussies!
...ai o carais!...
- Darling- digo-lhe eu em surdina, como se o facto humilhasse a gata- SHE has no balls!
– What do you mean HE has no balls? I never noticed HIS balls before!- Mau! Mas será que as mulheres sao as únicas a notar estes pormenores?
Mas também para este facto M. tinha uma explicação: -Of course HE has balls…but he has been shagging for three days, his balls are empty, you just cannot see them!
…?... estás a brincar , nao estás? Nao, nao estava.
Por esta altura, o gato, farto destas andanças, rondava nervosa e obsecadamente ora a janela ora a porta e faiscava ameaças.
- Did you actually see a pussy or what? – Pussy, pussy, não… eu não conseguia era ver os totas do gajo… - Well, can you check? – Como carais queres que verifique? O raio do gato está nervoso como tudo. –We have to check!- queres dizer EU tenho de verificar! E ainda por cima, por esta altura eu estou mesmo a temer pela minha integridade física. Só há uma hipotese de verificar… vamos dar-lhe um calmente!
Dei-lhe meio comprimido de lorazepam e o raio do gato não havia meio de sossegar! Outra metade! Finalmente o bicho mostra-se ensonado e disposto a cooperar com a verificacao do “registo”… não ha vestígios de testículos e em vez disso uma "pussy”. M. não esta nada satisfeito, mesmo com estas evidências continua a pensar que a gata é o Elvis! Após uma conversa telefónica com a Sociedade de Protecção dos Animais lá aquiesceu em libertar o pobre bicho, que saiu disparado como uma seta pelo jardim.
Saldo da noite: raptámos o gato de alguém, mantivémo-lo refém durante um par de horas, drogámo-lo à traição e sujeitámp-lo a um exame não autorizada das suas partes pudendas... o que é que isso faz de nós?...
E do elvis sem sinais...
Viver apenas
Como dize-lo sem o dizer?
Pintar-te?
Amar-te simplesmente,
ser tua, ser o teu sangue,
seres tu em mim o que eu nao posso preencher?
Ver os dias pelos teus olhos,
tocar a madrugada com os teus dedos,
sorver a luz com o teu lábio...
Como dize-lo?...
Viver apenas.
viver por ti e em ti
na torrente das horas
que nos beijam.
No desejo anelante
de estar em ti!...
Klimt- Adao e Eva
Fim de Semana!
Vou mimar-me com um fim de semana cultural (=ir as compras em linguagem feminina!)!!! Ui ca bom!
Bom fim de semana!
Thursday, September 08, 2005
Canhonicas admiradas!
Hãmmm? Como é que disse? O Mário Soares? Candidato à Presidencia?... nãaaaaaa!
A última aventura do ELVIS
Na primeira noite os vizinhos devem ter achado que eu e o M. (o meu rapaz) éramos uma dupla de loucos, a rondar as ruas com uma lanterna, a revistar todos os cantos e a gritar: ELVIS!!!!
Na segunda noite as buscas deram frutos… um gato preto olhava-nos de um muro, com uma curiosidade expectante.
–IT IS ELVIS!- gritou o M. victorioso. -ELVIS, ELVIS!- O gato continuava a olhar estupefacto -Acho que nao é o nosso, atrevi-me. –How can you say it is not Elvis, of course it is Elvis… can’t you see? …Não, não conseguia ver naquele gato gordo e mais que adulto o Little Elvis - But!...tentei - No! I don’t want to hear another word… it is Elvis!
Após agitar vigorosamente a caixa de biscoitos o gato desceu do muro e cumprimentou-nos com um ar afectado e muito interessado no contudo da caixa. -We will taking him home!- Como?- pensei... –I will get the box!… ?... ai o carais! Depois de vinte minutos a subornar o gato com biscoitos e a tentar obter a sua confianca, M. tentou o arriscado processo de apanhar à traição e à força, dominar e introduzir na caixa de transporte o gato errado (gordo, não cooperante, e muito zangado por esta altura). O máximo que conseguiu foi ums golpes valentes nos braços, um tufo enorme de pelo na mão… e uma valente mossa no orgulho. –It was Elvis, and we losted him… it is your fault, you didn’t help me!... -…?... ai o carais!
(Cont.)
Democracia?
"O Presidente norte-americano, que só visitou a zona afectada quatro dias depois da passagem do furacão, anunciou ontem a abertura de um inquérito às falhas no socorro às vítimas. Contudo, e ao contrário do que foi pedido por vários congressistas, a investigação será liderada por Bush".
Público
Foto de Andreas Achleitner
Wednesday, September 07, 2005
Orfeu rebelde
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade de cada momento.
Outros, felizes, sejam rouxinóis...
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e aterra, pedras conjugadas
Do moínho cruel que me tritura,
Saibam que há gritos como há nortadas,
Violências fanintas como há ternura.
bicho instintivo que adivinha a morte
No corpo dum poeta que a recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legítima defesa.
Canto, sem perguntas à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.
Miguel Torga
As cores do Demo (Crónica)
Certo ano o crepúsculo tingiu o céu de um vermelho vivo, a cor do Demónio. Reuniu-se a aldeia em pranto, uns por terem visto e jurado que era o manto de próprio Demo, outros chamados pela urgência do sino que tocava a rebate com um terror redobrado. A notícia espalhou-se como chama em rastilho seco, dirigiram-se todos à igreja, cada um pensando que era chegado o dia do Juízo Final. Rezou-se o Terço, as Avé Marias, a Salve-rainha, o Acto de Contrição, a Ladainha...- Nª. Sra. Do Rosário de Fátima"- lançava em tom resignado o Padre Amândio "Rogai por nós"-respondia o povo amedrontado – "Rogai por mim"- clamava uma velhota, sentindo já nos dedos dos pés o calor cáustico das áscuas que torturam os condenados. Alguém mais esclarecido disse então ao Padre Amândio que não valia a pena tê-los ali subjugados ao medo, que se tratava de um fenómeno natural e passageiro. E o Padre, resignado, que bem sabia, mas que os deixasse na ignorância, se lhes tentassem explicar não entenderiam e era da maneira que estavam na igreja a rezar.
Tuesday, September 06, 2005
A minha Galeria (e Vinicius)
No teu branco seio eu choro.
Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
e se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
Confuso, criança para te conter!
Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza, não!
Ah, não abandones a tua boca à minha inocêncis, não!
Homem sou belo
Macho sou forte, poeta sou altíssimo
E só pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
(...)
Vinicius de Moraes
Monday, September 05, 2005
Santa Bárbela (a proposito de Tormentas)
"Santa Bárbela bendita
ne l Cielo stais scrita
cun papel i auga bienta
librai-mos desta termienta."
E a bondosa Santinha lá relevava o esquecimento e atendia o pedido. A tempestade rugia e faiscava ao redor da aldeia mas finalmente, acatando as ordens da padroeira das tormentas, afastava-se bramindo contrariedades.
Sunday, September 04, 2005
Terror de te amar
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nunhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Sophia de Mello Breyner Anderson
Recadinho
Ora então diga lá à gente:
- Que parte da palavra "DANGER" é que não entendeu?
- Quanto é que já gastou na guerra do Iraque?
- Como é que consegue mascarar tanta pobreza no seu próprio país?
- Ja ouviu falar do Acordo de Quioto?
Obrigadinhos.
Saturday, September 03, 2005
Desabafo
Friday, September 02, 2005
Inquietação
Que posso?...
...ouço o dia descompassado e a pulsação enviesada das minhas veias. Vejo a vida em potência nas vilosidades das horas... mas é tudo tão longe!
O que sou e o que sinto são apenas abismos escavados no meu peito! Nada mais. Não há amplitudes sentimentais ou possessivas em que o mundo se retese. Eu sou só eu. Sem a posse circunflexa das certezas, dos afectos ou das coisas. Até do meu corpo. Porque o meu corpo não sou eu. O meu rosto,os meus membros, as minhas vísceras, o meu ventre, o meu sexo. Uma corrente electrónica imaterial nos interstícios da terra? Uma força, um espírito, uma alma que se lambuzou na tabela periódica para poder espernear?... o quê?
E depois de ser... o que serei? Quando o meu corpo se cansar de ser um capricho táctil, quando o tecido uno de mim ceder à lise temporal e se dissolver no Universo... NADA?... mas como posso estar aqui agora e ser e ver e doer-me, e amanhã implodir-me de nulidade e não estar, não sentir, toda inflexa empapada de morte?...
Adivinha
Cada dama ten quatro quartos
Todas eilhas ténen meias
I ningua ten çapatos
(Mirandés)
Uma paixarico a quem adivinhar!
A minha galeria de palavras e imagens
Sou eu que me faco a partir
de quase nada
e me prenho de sons e de cores?...
Sou eu que espremo a aternidade
num frasquinho
cabeca tronco e membros,
Momentos de essencia licor?
Ou é apenas o tempo
que sobra em mim
e borbulha nos meus átomos
fazendo-me viver?
Thursday, September 01, 2005
Os musicos (Cronica)
O Sábado de Festa era uma dia muito atarefado.
Durante a tarde chegava a banda de música que abrilhantaria as procissões deste e do dia seguinte. Depois do almoço juntava-se o pessoal no cruzamento da rua principal com a estrada de Vimioso à sua espera dos músicos. Mal chagavam, aqueles formavam e iam dar a volta a aldeia para conhecer as ruas por onde teriam de tocar durante as procissões. A volta à aldeia era acompanhada pelos mais velhos, saudosos do tempo em que a banda abrilhantava não só as actividades religiosas mas fornecia também a musica para um pezinho de dança. Agora já não era como antigamente, diziam eles, a banda no coreto a tocar para dançar uma valsinha, era uma alegria. Agora era só barulho vomitado por esses instrumentos diabólicos que “aturgiam”os ouvidos, com essa coisa nova de que falavam, o Roqu’inRó ou lá o que era, uma vergonha isso sim, eram só guedelhudos a saltar, feios como demónios, por entre fumaças e estrondos, como nos próprios Infernos.
Depois da volta à aldeia, os exaustos músicos eram distribuídos pelos mordomos, dois ou três, conforme as possibilidades de cada um, cada um era responsável pela dormida e alimentação dos músicos que lhe cabiam. Durante a distribuição, cada mordomo procurava seleccionar os menestréis mais adequados às condições que tinha em casa. Os mais novos e franzinos cabiam em qualquer lado e comiam pouco, eram logo escolhidos. As raparigas demoravam horas na casa de banho…pouco prático para uma altura com tanta gente em casa. Os maiores e mais pançudos, supostamente amigos de bom garfo, eram deixados para último, não fossem armar-se em espertos e aproveitar a boa vontade do anfitrião para matar a fome mais do o estritamente necessário. Com mais ou menos alarido, as coisas lá se compunham e ninguém era deixado sem uma cama e comida para os dois dias.