EILHES TORNÁN IN MIRANDÉS
Os livros do Astérix e do seu amigo Obélix estão actualmente traduzidos em 110 línguas e dialectos espalhados por todo o mundo, sendo esta tradução um passo importante para a divulgação da língua mirandesa, que se manteve isolada durante séculos nas aldeias do concelho de Miranda do Douro, e parte do concelho de Vimioso, sendo apenas transmitida de geração em geração por via oral. Actualmente a língua mirandesa está confinada a um universo de sete mil falantes de acordo com os últimos censos.
Nas várias edições livrescas de Astérix publicadas nas mais diversas línguas, na contracapa dá-se sempre nota das línguas em que a banda desenhada está traduzida, o que vem dar um novo alento ao mirandês - levando, assim, milhões de leitores a saber da existência de uma língua que se mantém viva num rincão do nordeste transmontano.
O Mirandés é uma língua de origem incerta mas possivelmente relacionada com o grupo Asturiano-Leones. Comecou a emergir como língua autónoma por meados do Séc. XII.
Para os filólogos, o mirandês revela-se em 1882, quando José Leite de Vasconcelos publica uma série de pequenos artigos no jornal O Penafidelense, intitulados "O dialecto mirandez (Notas glottologicas)" que são depois compilados no opúsculo O dialecto mirandez (contribuição para o estudo da dialectologia romanica no dominio glottologico hispanho-lusitano), editado no Porto. É nessa altura que, pela primeira vez, se noticia a existência, em Portugal, de um idioma que não é português nem galego, podendo-se "estabelecer que o mirandês pertence ao domínio espanhol, como próximo do leonês", porém com muitas interferências do português. Em 1900-1901 surge a obra do mesmo autor, em dois volumes, intitulada Estudos de Philologia Mirandesa, em que é descrita uma boa parte da gramática desse idioma e tratado o problemas das suas origens e filiação.
Em 1906, o sábio espanhol Ramon Menéndez Pidal publica El dialecto leonés, em que as similitudes existentes entre a fala descrita por José Leite de Vasconcelos e as falas do território leonês o levam a afirmar uma antiga pertença do mirandês a um domínio linguístico muito mais vasto que o seu pequeno território. Com isso fica demonstrada de modo claro a hipótese de filiação leonesa que José Leite de Vasconcelos timidamente avançara.
Ao longo do século XX, outros sábios abordaram as suas origens e descreveram aspectos do seu funcionamento. De salientar, José Herculano de Carvalho e António Maria Mourinho. Graças aos seus estudos e comunicações, a curiosidade relativamente ao mirandês não desapareceu de todo. Porém ela ressurgiu de uma maneira extraordinária nos últimos anos do século XX, sobretudo após o reconhecimento do Mirandês como uma outra língua oficial de Portugal.
12 Comments:
Muito interessante este post!
Adoro Miranda do Douro e gosto do mirandês.
E, claro, tb sou fã destes dois!!!!Aliás, aprendi História nestes livros. E, já agora, uma confidência: sonho desde miúda com uma poção mágica, já que em bébé não caí num caldeirão...;)
E...obrigada pelas tuas palavras, lá no meu sítio.E pelo teu blog sempre tão atractivo.
Ola Maria Heli!
Tao bom receber-te no I&I!
Eu nao cai no caldeirao mas as bruxas da aldeia assistiram ao meu nascimento (numa sexta-feira, e se calhar ate havia lua cheia!)...
Volta sempre! Eu vou continuar ansiosamente a esperar pelos teus posts!
Abracicos!
Ola microbio!
Sim de facto esta publicacao é ouro sobre azul. Nao so para dar a conhecer a lingua a quem nunca teve contacto com ela mas tambem e sobretudo para diminuir a sensacao entre os mais novos que com ela contactam de que é uma lingua arcaica e ultrapassada. O mirandes representa uma heranca linguistica e cultural deve ser preservada e felizmente hoje em dia é ensinado nas escolas da regiao.
Abracicos!
Ás vezes dava jeito era a Poção Magica do Asterix e do Obelix!
Bjks da matilde
Não sou apreciador de BD. Mas há uma excepção: Astérix.
Miranda é muito lindo. Ao contrário de Bragança, por exemplo.
Nada sei de mirandês, mas acho bem que, língua ou dialecto (no fundo, o que define uma e outro?...), seja preservado.
Mas de mirandês sabe o Everything in its right place. Vou já avisá-lo para vir aqui.
Olá, Rosário!
Não te preocupes com o comentário (o primeiro) que fizeste no Vida de Cão ao post "Timbuktu". Tu não sabias, logo, não podias adivinhar o que se passava. Ainda por cima, não tive oportunidade de lá colocar uma foto do Aartois... Há-as noutros posts, se quiseres espreitá-lo. Acho que em "Cá vou indo", escrito em Agosto, se não estou em erro. E também noutros posts mais antigos!
Era lindo, era um grande cãopanheiro, era a minha sombra. Agora, eu e o Sancho (o mano dele) andamos meios perdidos pela casa, como se ele estivesse escondido a um canto e fosse, de repente, aparecer à nossa frente... Ficam as memórias, que são muito boas.
Um xi
Lésse
ehehe, e nao é que o RPS avisou mesmo!! :o)
não sei grande coisa de mirandes, apenas uma ou outra palavra.
mas tenho algum interesse por saber mais algumas coisinhas sobre essa NOSSA língua!
hoje, na praça da alegria estavam a dar 20 livros de desta nova tradução do asterix, nao ganhei nenhum, mas vou tentar apanha-lo!
Querida Lesse,
De facto não sabia o que se tinha passado. Lamento tanto que tenhas perdido o teu amigo! É
É que eles tornam-se de facto parte da família... só quem não gosta de animais é que não consegue perceber isso!
Abracicos!
Ola everything...
Bem vindo ao I&I. Eu também me interesso muito pelo mirandes. Não sou uma grande entendida mas tenho muitas lembranças da minha infância, numa aldeia de Vimioso.
Aparece sempre!
Abracicos!
Olá, Rosário!
Obrigado pela visita ao meu blog e parabéns pela divulgação do Mirandés.
Fiquei impressionado com a descoberta, ainda mais que os dois maiores divulgadores (além de você), tem meu nome (Vasconcellos) e outro nome de minha árvore genealógica (Carvalho).
Poderia me informar se há alguma relação entre a origem desses nomes e essa região de Portugal?
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