Saturday, May 24, 2008

Berdes son ls campos... (um poema em agradecimento)


Mote alheno

Berdes son ls campos,
Quelor de limon:
Assi son ls uolhos
De l miu coraçon.

Campos, que stendeis
Mantas de berdura;
Oubeilhas, que pura
Yerba alhá paceis,
I bos manteneis
De l que l tiempo pon,
I you de lhembráncias
De l miu coraçon.

Ganados, paceis
Cun cuntentamiento
L mantenimiento,
Mas nun l antendeis:
Esso que comeis
Yerbas, nó, nun son;
Son grácias de ls uolhos
De l miu coraçon.


Luís de Camões
Traduçon de Fracisco Niebro (2003)

[an pertués:
Mote alheio
Verdes são os campos
Da cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o verão,
E eu das lembranças
do meu coração.

Gados, que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendeis:
Isso que comeis
Não são ervas, não;
São graças dos olhos
Do meu coração.]

Mais poesia em Mirandés no Cumo quien bai de Camino

Obrigada a todos pelo carinho e pelo apoio.

Wednesday, May 14, 2008

Adeus...


Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada

Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema

Porque tu me disseste quem em dera em Lisboa
Quem me dera me Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro

Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio

Porque tu me disseste quem em dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol Lisboa com lágrimas
Lisboa a tua espera ó meu irmão tão breve
Eu canto para ti Lisboa à tua espera...

Manuel Alegre

Na voz de Adriano Correia de Oiveira. Lembrei-me. Porque é Maio. Porque as giestas te saudaram de cores e perfumes no teu último caminho. Porque eras jovem e partiste antes de viver tudo. Porque lutaste numa luta longa e desigual, com tanta coragem que parecia sobre-humana. Porque sempre tiveste um sorriso até ao fim.
Porque não há palavras.

Adeus, irmã.

Monday, May 05, 2008

Já só faltam 4 meses...


...e pronto, a minha última grande aventura é esta!... uma mini-ME!
Mal disse ao Big que estava grávida, começou a chamar à barriga "Jasmine"! Começou também a sentir náuseas, dores e desejos (e perguntou logo quando é que as contrações íam comelar...). Pela minha parte, nem náusea nem dores, apenas um cansaço extremo, debilitante mesmo, tipo afundar no sofá e não conseguir de lá sair a não ser para a cama. Até mover os braços dependia de um esforço enorme! Mais tarde começaram as dores de ligamentos (nas fossas iíacas)... aparentemente por ser magrinha.
Na primeira ecografia a médica indicou que parecia que era um rapaz (apesar de ser muito cedo. Aparentemente naquela fase de desenvovimento a pilinha e o clitóris têm o mesmo aspecto, tendo como diferença uma orientação de trinta graus.). O Big pasmou e perdeu metade do entusiasmo. Apesar disso, lá pensamos num nome e, mais importante que isso, o Big escolheu a música do cachopo e passou a ouví-la a altos berros umas dez-quinze vezes ao dia.
Passados os primeiros três meses o cansaço desapareceu... mas a barriga nada de aparecer.
Na segunda ecografia (acima), a médica revelou que o cachopo tinha mudado de ideias quanto ao género... o Big ía tendo uma síncope de alegria, bem como a família dele (o Big tem três irmãos, por isso a paixão por uma menina...). O meu irmão desde o início que tinha a certeza que ía ter um sobrinho e teve de se adaptar à ideia... ainda por cima o nome não é nada português, carais!
Aos cinco meses finalmente a barriga cemeça a notar-se, embora quem não saiba que estou grávida não o note... como a senhora da loja de roupa para bébé que me perguntou se as roupinhas eram para alguma sobrinha!
Só comprei dois pares de calças de grávida, que não gosto de usar. Aliás, comprar roupa para grávida é uma crise de nervos... parece que a ideia geral é que a roupa para grávida é uma cena tipo tenda com um buraco para a cabeça e para os braços!... da-se! Por isso continuo a usar roupa normal, e exactamento o mesmo tamanho que usava anteriormente. Apenas mudei para vestidinhos de jersey, confortáveis e práticos, e extremamente femininos.
Sofri de indigestão no início do quarto mês mas já passou. Nunca tive desejos marados e a minha alimentação só mudou no facto de não comer presunto, patés e determinados queijos.
Até há duas semanas as minhas dores de costas melhoraram surpreendentemente, mas agora começo a sentir dores após algumas horas na cama, uma vez que não posso permanecer deitada de costas por muito tempo.
Entretanto a mini-ME começou a movimentar-se... é uma emoção indescritível sentir um novo ser dentro do próprio corpo!... (embora por vezes a cachopa atinja determinados nervos o que faz com que não me possa mexer por algum tempo...)

Mas pronto, no geral, adoro estar grávida!