Wednesday, May 30, 2007

As reliquias da Joana

(Lenepveu)


Em 1867, foi encontrado num sótao de uma farmácia em Paris uma jarra com aquilo que se acreditou serem os restos mortais de Joana d’Arc. Ávida de reliquias, mesmo que seja de pessoas que assassinou, a Igreja Católica aceitou a autenticidade dos restos mortais de imediato, e os mesmos foram colocados num museu em Chinon.
Num comentário publicado na revista Nature em 5 de Abril, explica-se que um cientista forense em Garches conseguiu obter autorizaçao para estudar a reliquia, apenas para verificar que os restos mortais pertenciam a uma múmia egipcia.
Na jarra estavam uma costela humana, bocados de madeira carbonizada, um fragmento de tecido e um fémur de gato, que foram examinados por espectrometria, microscópio electrónico e análise de pólen.
Uma das vertentes do exame era a análise do odor que exalava das reliquias, e que era sugestivo de gesso queimado e baunilha. De acordo com os relatos históricos, gesso foi adicionada à pilha que serviria para queimar Joana, para prolongar o processo. No entanto, o odor a baunilha é caracteristico do processo de decomposiçao das múmias. As crostas negra na costela e no fémur de gato são consistentes com a mistura de resinas naturais, betume, malaquite e outros usados no processo de embalsamento. O tecido era compativel com uma ligadura de mumia. Além disso, o exame de polen revelou a presença de polen de pinheiro. Os pinheiros não cresciam na Normandia no Sec. XV, mas a resina de pinheiro era comum no Egipto e usada para embalsamar os cadaveres. Sabe-se tambem que após as execuçoes em que os condenados eram quimados vivos, as cinzas eram atiradas ao rio Sena, ainda para mais se fossem de uma bruxa, para livrar a cidade da sua influencia. Por outro lado, a datação por carbono revelou para as reliquias uma data entre os sec. III e VI a.c..



Ainda assim os defensores da fé juram a pés juntos que os restos mortais são da pobre Joana...



Sunday, May 27, 2007

O Século Prodigioso


O O Século Prodigioso, um excelente blog que como todos saberão é inteiramente dedicado à arte do Séc. XX, deu-me a honra e o grande prazer de fazer uma galeria com a minha arte e de a colocar ao lado de tantos nomes que admiro. O meu sincero obrigada ao JG pelo carinho e pelo constante apoio.

Friday, May 25, 2007

Intimidades





Mr. Big and I...e em Outubro, exactamente dois anos depois de ficarmjos novos na baía de Lindos, eu passo a ser Mrs. Big. Caramba... bem que podia ter escolhido outro nome para ele...quem não me conhecer vai pensar que sou enorme.




Mr. Big and I... and in October, exactly two years after becoming engaged in Lindos Bay, I will become Mrs. Big... oh... I wish I hadn't choose that name for him. People will think that I am huge as well!...

Wednesday, May 23, 2007

Evolução no balanço


De acordo com um relatório publicado em janeiro na revista Science, uma curiosa situação acontececu nos Estados Unidos relativamente à discussão entre evolucionistas e creacionistas. Uma livraria no Grand Canyon gerida pela US National Park Service tem vindo a distribuir um livro publicado em 2003, entitulado "The grand Canyon: a different view" escrito por um tal Tom Vail, em que o autor propoe uma explicação creacionista em vez de cientifica para a formação do Grand Canyon. Explica o autor no casto livrinho que a estrutura geológica em questão se formou há cerca de 4500 durante o dilúvio em que Noé construiu a arca. Esta explicação é uma contradição idiota face à data apresentada pelos geologistas, cerca de cinco a seis milhoes de anos.
Em 2004, vários grupos de cientistas escreveram ao national Park Service solicitando a remoção do livro das prateleiras relativas a ciencia. Em resposta, os geologistas do NPS reviram o livro e concluiram que o mesmo não devia ser vendido de todo. Os responsáveis pelo NPS decidiram em vez disso colocar o mesmo livro à venda na secção "inspiracional".

Monday, May 21, 2007

Todo o mundo é dela composto...

(Duchamp)

Está na hora de realizar grandes mudanças... por vezes tem mesmo de ser assim. Depois de um periodo de fermentação de possibilidades, perder o medo do desconhecido. Mergulhar. Navegar. (Em que abismos vou agora meter-me?... a ver.)

Friday, May 18, 2007

L pan i la culpa

(Cézanne)


Çque me conheço sei l pan
I l corto an cumpanhie,
Trás del coraçon i manos ban,
I an sue roncha caliente
Zgrilaba datrás l’alegrie
De mi i de muita giente.

Ua batalha de ceçon ampeçaba-lo
Cumo un filo de lhuç,
Las eiras rasas dában-lo
Cumo la rosa d’alba quelor produç.

Benie-mos cumo l Reino n’ouraçon,
Sendo feita la gana al Lhabrador:
Nua alma lhimpa amadura, anton,
La semiente d’amor.

Era l pan. Tierra de pan,
Dezie-se – i era lhougo:
Caie l géstio a la tierra, la spiga abangaba,
L tiempo, debagar, corrie-le la sue mano,
La bida clara staba
Naqueilha cumbinaçon.

Hoije, que ye pan inda, i a la nuite nuosso,
Bai-se a cortar, falta-le talbeç miolho.
Se nun corto na mesa l pan que puodo
Ye mie la culpa.

I you sei l pan de cada die i traio-lo:
Onte, cumo manhana, yá hoije me l dan;
Mas, ancierto, al meio la dentada, trago-lo,
I nó, nó bien l mesmo, ó anton nun puodo...
Ó al menos nun ye todo nuosso
Este que lhiebo a la boca, l nuosso pan.

Vitorino Nemésio
Traduçon de Fracisco Niebro

...via Cumo quien bai de camino . A tradução esta lá também, para aqueles que não percebem la Lhéngua.

Bom fim de semana!

Wednesday, May 16, 2007

Impressoes- Por terras de Carção








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Monday, May 14, 2007

Inferno

(Frans)


Ainda mal me refizera do trauma do nascimento e veio a morte visitar-me. Na forma, não sei, de uma dessas maleitas que ceifavam precocemente as crianças naquele tempo, ninguém sabia de onde vinham, se eram coisas do Demo, se castigo de Deus, se destino, ou maldição ou sorte. Não parecia mal de bruxaria, as feiticeiras territorialmente competentes nada poderiam fazer contra tão sérios sinais de morte. Recorrer ao médico era impossível, onde encontrar um assim de repente?… O doutor visitava a aldeia uma vez por semana para administrar os cuidados básicos de saúde a toda a população. As consultas eram efectuadas na Casa do Povo. Se se tratasse de uma doença crónica ainda vá, apesar de ser necessário marcar vez com muita antecedência. Mas uma coisa assim, de repente, não havia quem acudisse.
Minha mãe, resignada como tantas outras antes dela, resignada e cheia de temor de me entregar às forças escuras que eternamente corroem as alminhas que morrem sem serem aspergidas pelas águas do baptismo, correu a casa do Padre Amândio, na noite fechada, guiada pela claridade das estrelas. Era então a iluminação disponível, o subtil brilho dos globos celestes ou chama trémula da indispensável candeia onde um pavio de algodão se alimentava de azeite. Já havia luz eléctrica na aldeia, mas durante a noite os postes de iluminação calavam-se impotentes perante a escuridão estridente da noite, e tudo era trevas e temor e escuridão.
Eu não sabia, eu nem gente era ainda, mas vinha não sei de onde impregnada de mal. Por entre o âmnio e o sangue, as hormonas, as contracções, o choque e o stress do nascimento, parece que um apêndice áscio invisível - a alma - vinha infectado com a gangrena do pecado... mais tarde soube que por culpa de uma tal de Eva se enrolou com um Adão, uma maçã e uma cobra falante.
Sistema complicado, ninguém se lembrou do princípio da intransmissibilidade da pena, ninguém se lembrou na altura, e agora ninguém parece importar-se. Enfim, adiante. Era pois necessário, segundo a Santa Madre Igreja, abluir-me com água benta. Depois sim, tinha uma autorização oficial, um passaporte válido, um visto carimbado para entrar no reino dos céus. O Padre Amândio lá fez as rezas e lá me colocou na lista daqueles a quem Belzebu não pode reclamar sem luta. Eu seria aquilo a que chamavam “um anjinho”.
Não sei o que disse à morte. Não sei o que lhe disse, que razões lhe dei, mas ela deve tê-las pesado com cuidado e, cheia de branco e de mistérios, como quem tem a certeza da posse final de todos os destinos, afastou-se. Tão misteriosamente como apareceu, o mal que ameaçava a minha frágil existência desvaneceu-se sem deixar sinais nem razões da sua vinda ou da sua partida.
O baptismo a meio da noite assim a pressa não era prática comum, o Padre Amândio ainda contestou mas nenhuma razão demoveu a minha mãe. Mais estupefacto ficou o paciente Padre quando, passado pouco tempo a minha mãe lhe foi dizer que teria de realizar um baptismo como deveria ser. Um baptismo assim, a meio da noite, sem padrinhos nem testemunhas, sem uma fatiota a rigor, sem os convidados, sem a festa, não era baptizado nem era nada. Estava bem para um anjinho que ia ter com Deus, mas para uma criança que enfrentava agora a perspectiva de uma vida exposta às pressões do mundo e às tentações do pecado, com certeza que uma coisa assim feita a pressa não seria suficiente. O Padre Amândio considerava-me baptizada e recusava-se a realizar outra cerimonia mas a minha mãe nunca aceitou uma recusa a algo que considerava justo. O baptizado oficial acabou por ser realizado no Inverno, no dia vinte e cinco de Dezembro.
Restabelecida dessa ameaça de uma morte prematura, fui vivendo devagarinho como vivem os seres pequenos, sem cuidados nem consciência do mundo ou de mim. Fui sorvendo os dias, construindo a minha morada, o meu corpo e eu nele.

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Thursday, May 10, 2007

Crimes contra crianças

(Cassat)
Hoje, durante o tea time, perguntaram-me o que penso do desaparecimento da criança inglesa em Portugal. O que penso é que os pais são umas bestas irresponsáveis e criminosas e cometeram um acto de negligência grosseira ao deixar três crianças de idade tão tenra sozinhas em casa enquanto "foram jantar". Acho que quem levou a menina sabia muito bem que as crianças eram deixadas sem supervisão de um adulto e provavelmente teve tempo para planear muito bem o rapto. Como tal, não acredito que nos próximos tempos se consiga encontrar tanto a criança como o raptor, se é que alguma vez vão encontrar (espero estar enganada).
Acho ainda que os pais deviam ser severamente punidos (apesar de que o desaparecimento de um filho seja castigo suficiente...pelo menos para algumas pessoas).
Por outro lado, o desaparecimento de crianças é infelizmente comum. Creio que a extensa cobertura pela imprensa e mesmo os meios colocados ao dispor da investigação se devem ao facto de a familia ser estrangeira e tal é lamentável e vergonhoso.

Tuesday, May 08, 2007

Despojos da viagem


(Leigton)
Finalmente estou de volta. A exposição correu bem embora como sempre eu tenha perdido a paciencia e não tenha tratado de um numero indeterminado de coisas que devia ter tratado. Além disso, andei a correr de um lado para o outro sem descanso e sem deixar parar o pessoal à minha volta. Na Sexta já estava tão saturada que me esqueci de tirar fotografias durante a apresentação e o meu discurso de agradecimento. Despois lá me lembrei e lá deixei a máquina fotografica nas mãos do meu primo. O número de pessoas que esteve presente impediu-me de devotar o tempo que queria aos amigos e familiares que não via há algum tempo. Ainda assim foi óptimo... Infelizmente, devido à festa dos estudantes, o D.Dinis esteve fechado Sexta-feira à noite o que impediu que algumas pessoas, que se deslocaram a Coimbra de propósito mas que nao chegaram a tempo da abertura, não pudessem ver a exposição. Fiquei mortificada por não ter prestado atenção às questões dos horários.
Mas no geral correu bem. Vendi alguns quadros e uma das figuras em cerâmica, o que deu para cobrir os gastos...
A cidade estava um caos devido à Queima das Fitas. Depois, fui preparada (com excesso de bagagem) para um clima ameno, com vestidinhos e sandálias e mais não sei o quê... apanhei tanto frio que só sobrevivi com o recurso a botija de água quente!
E pronto, estou devolta. O blog esteve abandonado e as visitas aos amigos suspensas... vou tratar de normalizar a coisa... despois de descansar e recuperar desta aventura!

Tuesday, May 01, 2007

Convite: Sonhos, Mitos e outras Impressões



...é já na Sexta-feira. Eu estou por cá a ultimar os preparativos. Como sempre, muitas coisas deixadas para a última da hora (por mais que faça e por mais que o Big se esforce, não consigo fugir aos meus genes, lusos, lusos até à helice helicoidal...).
Apareçam para ver as impressões e deixar as vossas...

For Mr. Big

(Chagall)
...just say "Chicken!". Eeheheheheh!
...soooo keek your love light burning...