Wednesday, February 28, 2007

Londres

Monet


...agora ainventaram que hei-de prestar serviço aos Cuidados Intensivos. E por isso mais um dia de treino em Londres. Pelo menos foi bem interessante. Ainda não assentei a ideia que vou estar entre doentes todos intubados, todos escritos e o carais, com o coração, os rins, pulmoes e figado todos aos saltos a necessitar de agilidade mental para reverter as curvas da morte. Da-se... meto-me em cada uma!... eu que gosto tanto de sossego!
Mas Londres. Dei comigo a pensar que tenho saudades de alguns aspectos daquela cidade. Não do bafo piolhento do underground que tive de aturar. Em Vitória a fila de táxis excedia em muito aquilo que eu poderia esperar. Mas como igualar a oferta cultural (incluindo algumas lojas :-) ) de Londres? Tenho saudades.

Monday, February 26, 2007

'A moda de Carção

Dórdio Gomes
Bós chamais-me piolhoso,
Eu só os tenho dúm lado:
É melhor ser piolhoso
Do que ser perro malhado.

Enquanto no Porto
Um só existir,
Num há-de o tirano
ao trono subir!

D. Miguel queria ser rei,
General dos Farrapões!
Bá gobernar ao Inferno!
Fora caipira! Fora ladrões!
...

Thursday, February 22, 2007

Canabis Medicinal


Abriu no mês passado na Holanda uma farmácia-piloto orientada para a venda exclusiva de canabis. A “Farmácia de Canabis”, em Gromningen no norte do pais, rege-se pelas mesmas leis profissionais que as outras farmacias com a excepção de fornecer apenas um produto.
Desde 2003 que é possivel na Holanda prescrever canabis (principalmente usada por doentes com esclerose multipla, cancro ou reumatismo) e aviar a receita em qualquer farmácia. No entanto, o preço (9euros/g) é mais elevado do que nas Cofee-shops (6euros/g), alé m de que muitas seguradoras têm vindo a eliminar o produto das listas de medicamentos cobertos. Por tais razões, muitos doentes crónicos obtinham canabis das cofee-shops, sujeitamdo-se a que o produto pudesse conter impurezas.
Pelo contrário, a canabis vendida na farmácia é produzida em condições laboratoriais e com qualidade e conteudo assegurados, não contém pesticidas, metais pesados ou bactérias. O Ministerio da Saude holandês controla a sua produção através de uma empresa, a Bendrocan.
A “Farmácia de canabis” foi estabelecida pela Fundaçao de canabis Medicinal (uma organizaçao não lucrativa), para permitir aos doentes obter a canabis a preços comparáveis aos praticados nas coffee-shops.

Tuesday, February 20, 2007

A Minha Galeria



Torso feminino, Porcelana e óxido de cobre, 2006
Pronto... esta é uma das minhas últimas grandes aventuras... virei-me para 3D. E esta figura é a minha primeira experiência com porcelana... materialzinho dificil, mas interessantissimo!
Tem sido extremamente excitante brincar com as diferentes argilas e com os inúmeros pigmentos disponiveis. E uma emoção dificil de descrever quando as figuras sobrevivem as diferentes fases de secagem e cozedura.
E assim A Minha Galeria passará agora a incluir putas cepidas vistas de vários ângulos.
É por estas e por outras, porque não páro quieta (como a minha mãe diz, pareço uma "braboleta", ou "o judeu errante"????), que tenho andado um pouquinho ausente...

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Entrudo à antiga





Fotos retiradas do Site dos Caretos aqui . Texto adaptado do mesmo site.
Porque vale a pena saber destas tradições.

Por estes dias em Podence, os caretos andam à solta. Despedem o Inverno e saúdam a Primavera "num clima fantástico e fascinante, pleno de sedução e mistério". Bebem das adegas que lhes são abertas de boa vontade e tentam apanhar as raparigas incautas para as chocalhar.
Os caretos usam máscaras rudimentares, onde sobressai o nariz pontiagudo, feitas de couro, madeira ou de vulgar latão, pintadas de vermelho, preto, amarelo, ou verde. A cor é também um dos atributos mais visíveis das suas vestes: fatos de colchas franjados de lã vermelha, verde e amarela, com enfiadas de chocalhos à cintura e bandoleiras com campainhas. Da sua indumentária, faz também parte um pau que os apoia nas correrias e saltos.
Dizem fontes que a festa de Podence se imerge no domínio dos tempos até às antigas Saturnais romanas – celebração em honra de Saturno, Deus das sementeiras. Procura-se acalmar a ira dos Céus e garantir favores de uma boa colheita. Nesses tempos idos da agricultura de subsistência, a diferença entre a vida e a morte quase se cingia à dimensão da lavra. E a dupla máscara acentua a relação, ao lembrar uma das duas importantes divindades romanas: Jano Deus do passado e do futuro e também do presente, senhor dos portões e entrada, da guerra e da paz e dono de todos os princípios. O filho de Apolo, que um dia partilhou o trono com Saturno e conjuntamente civilizaram os habitantes de Itália, levando-os a tal prosperidade que ao reinado chamaram era de ouro, é geralmente representado com duas caras por ser do passado e do futuro, e principalmente, por ser símbolo do SOL, que aparece de manhã e se esconde à noite. A antiguidade e originalidade desta tradição, cheia de cor e som e a vontade das gentes de Podence, em preservar estas figuras, fizeram dos caretos personagens famosas para lá dos limites da aldeia... e são cada vez mais frequentes os convites a este grupo etnográfico para deslocações a vários pontos do país e do estrangeiro.


Monday, February 19, 2007

Guardioes do Passado




Roma, 2007

Wednesday, February 14, 2007

LOVE

Bouguereau



...is a cliché.

Quite suprisingly, recebi rosas vermelhas. Doze. Creio que terá sido mais por ontem ter estado um pouco triste... o irrequieto do Elton andou a fazer das dele e quando fui almoçar tinha um corte profundo na cauda. Quase tive uma sincope!... O Big envia-me flores nessas alturas e não em ocasioes em que toda a gente o faz, e já tinhamos combinado ir jantar no Domingo...
Quando fui buscar as flores à recepção o recepcionista perguntou, mesmo antes de eu dizer ao que ia "Which one of the lovely ladies are you?". Depois de revelado o nome foi vasculhar entre os inúmeros ramos de rosas vermelhas... deitando o olho identifiquei o respectivo imediatamente. Reconheci o cartao da florista e o arranjo generoso.
De manhã lá estava o cartão num envelope vermelho... e eu que me tinha esquecido. Nhêda-se... lá tive de passar o almoço strás de um carais de um cartão. Eu e mais um número razoável de mulheres... Sinto-me tão culpada por ter deixado para tão tarde!- diz-me a senhora ao lado que como eu vasculhava freneticamente entre os cartoes. Também eu... e o pior é que já recebi a porra do cartão do meu gajo logo de manhã- respondi. E ela - Pois.. eu também!...

Monday, February 12, 2007

Cantiga

(Van Gogh)




Se quieres que te segue la yêrba


Trai la gadanha cula tue piêdra


Pa l'aguçar


Trai buis i carro


Pa la lhebar


Que segada stá,


Que segada stá.

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Thursday, February 08, 2007

O Aborto na História


Paula Rego


Gostava de ter sido eu a escrever este post mas encontrei-o já escrito pela Denise no Sindrome de Estocolmo. (Original aqui)



Ninguém faz um aborto por prazer. É uma decisão dolorosa, mas quase sempre irreversível, porque muito mais dolorosas seriam as consequências de uma gravidez indesejada levada a termo.

Trabalhando em comunidades marginalizadas percebi que quando a mulher não pode ter filho, ela faz o aborto de qualquer forma, usando agulhas de tricô para perfurar o colo do útero, no banheiro de casa, ou com "curiosas" que ajudam das formas mais precárias.

Também as mulheres que têm uma situação mais privilegiada se encontram em situações nas quais não podem levar adiante uma gestação. A diferença é que essas, muitas vezes, têm condições de pagar por serviços que não colocam suas vidas em risco.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 20 milhões dos 46 milhões de abortos realizados mundialmente, todos os anos, são feitos de forma ilegal e em péssimas condições, resultando na morte de, aproximadamente, 80 mil mulheres, por ano, vítimas de infecções, hemorragias, danos uterinos e efeitos tóxicos de agentes usados para induzir o aborto.

Quando grupos apresentam-se "pró-vida", não estão considerando a enorme quantidade de mulheres que morre todos os anos. A criminalização do aborto é cruel, porquê não muda a situação em que essas mulheres vivem, apenas as culpabiliza ainda mais e as faz correr risco de vida, especialmente as mulheres pobres.

É importante aprender com a história, pra entender o que se passa hoje. "Verdades" que parecem absolutas vêem sendo alteradas com o passar do tempo, mudando conforme mudam as conjunturas políticas e econômicas. Tendo sempre como principal vítima, a mulher.


O Aborto na História

A decisão de interromper a gravidez não é coisa de mulheres modernas, sobrecarregadas com as obrigações da maternidade, trabalho e estudos. Aparentemente, desde que o mundo é mundo, as mulheres se vêem em situações em que não desejam - ou não podem - levar uma gestação à frente. Já entre 2737 e 2696 a.C., o imperador chinês Shen Nung cita, em texto médico, a receita de um abortífero oral, provavelmente contendo mercúrio.(1)

Também não é novidade que interesses políticos, econômicos e religiosos têm prevalecido, em relação ao direito da mulher decidir sobre o próprio corpo. Da mesma forma que se quer proibir, hoje, já se quis obrigar o aborto em diversos momentos da história.

Na antiga Grécia, o aborto era preconizado por Aristóteles como método eficaz para limitar os nascimentos e manter estáveis as populações das cidades gregas. Por sua vez, Platão opinava que o aborto deveria ser obrigatório, por motivos eugênicos, para as mulheres com mais de 40 anos e para preservar a pureza da raça dos guerreiros.

Sócrates aconselhava às parteiras, por sinal profissão de sua mãe, que facilitassem o aborto às mulheres que assim o desejassem (1)

No livro História das Mulheres - A Antiguidade, Georges Duby e Michelle Perrot afirmam que "se as mulheres desejavam limitar os partos, tinham de recorrer aos abortivos, cujas receitas são muito abundantes (...) O primeiro risco era, portanto, o da ferida de um útero ainda imaturo devido à juventude das esposas romanas; nese caso os médicos recomendavam mesmo o aborto, inclusive por meios cirúrgicos (sondas)".(5)

É importante lembrar que, mesmo nas sociedades em que o aborto não era tolerado, na antiguidade, não se via aí como o direito do feto, mas como garantia de "propriedade do pai" sobre um potencial herdeiro.(2)

Mesmo no Cristianismo, o aborto não foi, sempre, uma questão tratada como nos dias de hoje, São Tomás de Aquino, com sua tese da animação tardia do feto, contribuiu para que a posição da Igreja com relação à questão fosse bem mais benevolente, naquela época. (1)

Foi apenas em 1869 que a Igreja Católica declarou que a alma era parte do feto desde a sua concepção, transformando o aborto em crime. (3)

No século XIX, a prática de proibição do aborto passou a expandir-se com toda força, por razões econômicas, já que a sua prática nas classes populares podia representar uma diminuição na oferta de mão-de-obra, fundamental para garantir a continuidade da revolução industrial.

Essa política anti-aborto continuou forte na primeira metade do século XX, com exceção da União Soviética onde, com a Revolução de 1917, o aborto deixou de ser considerado um crime. Mas, na maioria dos países europeus, por causa das baixas sofridas na Primeira Guerra Mundial, o aborto continuava não sendo tolerado.

Na verdade, com a ascensão do nazifacismo, as leis antiabortivas tornaram-se severíssimas nos países em que ele se instalou, com o lema de se criarem "filhos para a pátria". O aborto passou a ser punido com a pena de morte, tornando-se crime contra a nação, a exemplo do que ocorreu em certo momento no Império Romano.

Após a Segunda Guerra Mundial, as leis continuaram bastante restritivas até a década de 60, com exceção dos países socialistas, dos países escandinavos e do Japão (país que apresenta lei favorável ao aborto desde 1948, ainda na época da ocupação americana) (1)

Na década de 60, em muitos países, as mulheres passaram a se organizar em grupos feministas que começaram a exercer uma pressão no sentido de permitir à mulher a decisão de continuar ou não uma gravidez.

A primeira conquista histórica aconteceu nos Estados Unidos, há exatos 34 anos (por isso a blogagem do Naral, hoje, em celebração à data). O julgamento do caso Roe x Wade (ROE v. WADE, 410 U.S. 113 [1973]) pela Suprema Corte Americana que determinou que leis contra o aborto violam um direito constitucional à privacidade, que a interrupção da gestação no primeiro trimestre apresenta poucos riscos à saúde materna e que a palavra 'pessoa' no texto constitucional não se refere ao 'não nascido'. Essas decisões liberaram a prática do aborto na América. (4)

Hoje em dia, 26% dos países não permite o aborto legal, justamente os que têm maior número de mulheres pobres e marginalizadas. No Brasil, existem leis que garantem o direito ao aborto em casos especiais, mas sabemos que o processo é tão longo que, muitas vezes, as mulheres desistem de esperar e acabam recorrendo ao aborto clandestino.

No gráfico abaixo, podemos ter uma idéia da situação legal do aborto no mundo, atualmente:


Fonte: Center for Reproductive Rights

Percebam que os países do Norte, a maioria mais industrializados, têm uma legislação muito menos restritiva e nem por isso existiu nenhum aumento no númro de abortos nesses países.

O movimento feminista brasileiro tem se organizado para garantir o direito das mulheres ao aborto legal há décadas, especialmente através da Rede Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos, que tem tido as suas ações potencializadas pelas Jornadas Brasileiras pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro.

Para isso, entre muitas outras coisas, precisamos ainda, sim, e muito, do movimento feminista, que não é anacrônico, como ouvimos algumas vezes, mas que está atuando junto às questões vitais para as mulheres.

É preciso acabar com a hipocrisia. Mulheres estão morrendo e a única forma de acabar com isso é através da descriminalização do aborto, que apenas possibilita as mulheres o acesso aos cuidados de saúde que elas merecem e necessitam. Isso é lutar pela vida.


(1) O Aborto: Um Resgate Histórico e Outros Dados, Néia Schor e
Augusta T. de Alvarenga, Faculdade de Saúde Pública de São Paulo.
(2) Contraception and Abortion from the Ancient World to the Renaissance, John M. Riddle, Harvard University Press, 1992.
(3) Abortion in History, Sunshine for Women
(4) Roe x Wade, Suprema Corte e Brasil, Roberson Guimarães.
(5) História das Mulheres - A Antiguidade, "A Política dos Corpos: entre procriação e continência em Roma", Georges Duby e Michelle Perrot, pp.364-366.

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Monday, February 05, 2007

A Minha Galeria


Porto II, Óleo sobre tela (70 x50cm), 2007

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Saturday, February 03, 2007

Fonte de Trevi








A Fontana di Trevi (Fonte das trevas, em português) é a maior (cerca de 26 metros de altura e 20 metros de largura) e mais ambiciosa contrução de fontes barrocas da Itália e está localizada na rione Trevi em Roma.
A fonte do cruzamento de três estradas (tre vie) marca o ponto final do Acqua Vergine, um dos mais antigos aquedutos que abasteciam a cidade de Roma. No séc. 19 a.C., supostamente ajudados por uma virgem, técnicos romanos localizaram uma fonte de água pura a pouco mais de 22 km da cidade. A água desta fonte foi levada pelo menor aqueduto de Roma diretamente para os banheiros de Marcus Vipsanius Agrippa e serviu a cidade por mais de 400 anos.
Em 1629, o Papa Urbano VIII, achou que a velha fonte não era suficientemente dramática, incumbiu Bernini para fazer alguns desenhos para planear alterações, mas quando o Papa faleceu o projeto foi abandonado. A última contribuição de Bernini foi reposicionar a fonte para o outro lado da praça a fim de que esta ficasse defronte ao Palácio do Quirinal (assim o Papa poderia vê-la e admirá-la de sua janela). Ainda que o projeto de Bernini tenha sido abandonado, ainda há, na fonte, muitos detalhes de de sua ideia original.
As esculturas que a compôe narram a descoberta da nascente de onde provém a água que a alimenta. No centro do complexo ergue-se a estátua de Oceano, a ser trensportado por coche em forma de concha, puxado por cavalos alados. Entre as outas figuras encontram-se salamandras e outros animais marinhos, mitológicos ou reais.
Nos anos 60 a fonte ficou famosa pelas cenas do filme La Dolce Vita de Fellini, onde a sereia Anita Ekberg se refresca nas verdes água, exalando sedução.
Diz a lenda que se lançar uma moeda de costas voltadas para a água os deuses fazem com que a pessoa volte à cidade eterna...

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