Thursday, September 29, 2005

Antibióticos e resistencias

Foi realizada na semana passada na Universidade de Warwick a conferência anual da Agencia de Protecção da Saúde. Nesta conferência foram apresentados os resultados de um estudo sobre a prevalencia do MRSA (Staphilococus aureus meticilina resistente) que indicam que o uso de antibióticos e as medidas de controlo da infecção têm um impacto significativo nos niveis de MRSA nos hospitais europeus.
O projecto de Resitencia de Antibioticos, Prevenção e Controlo (ARPAC) envolveu cerca de 300 hospitais de 34 paises. A prevalência de MRSA verificada foi superior nos paises do sul da Europa… olha a surpresa, mais uma vez o trio maravilha… e a incidência era tanto maior quanto maior o volume de antibioticos prescritos.
O estude revelou também que o uso de classes especificas de antibióticos, tais como os macrólidos e as cefalosporinas de terceira geração, está associado a uma incidência superior de MRSA.

O MRSA é uma bactéria encontrada na mucosa nasal e na pele de 20-30% da população saudável (colonização). Normalmente a colonização não representa problema algum, não sendo necessário qualquer tipo de tratamento, sendo apenas essas pessoas portadoras do microrganismo. No entanto, quando a bacteria é transmitida a pessoas que sofrem de outras patologias e se encontram vulneráveis e debilitadas, (doentes que sofreram uma cirurgia, com doenças malignas, catéteres, ou drenos) pode causar infecçoes de uma gravidade extrema e que representam risco de vida.
O problema colocado por esta bacteria, baseia-se na sua resistência aos antibióticos comummente usados (na verdade são conhecidas cerca de 17 especies de MRSA, com diferentes graus de imunidade aos diferentes antibióticos). Enquanto que as espécies não resistentes a meticilina podem ser tratadas com flucloxaciina, eritromicina e cefalosporinas, o MRSA requer tratamento com vancomicina, teicoplamina ou o recente linezolid.
Os resultados do estudo não me surpreendem. Primeiro, em Portugal, na maioria dos hospitais não existe um microbiologista ou um departmento de controlo de infecção. Segundo, não existe uma politica nacional de prescrição de antibioticos, o que significa qua nao há qualquer restrição na escolha dos agentes nem "guidelines" para o seu uso. E terceiro, a maioria dos médicos portugueses prescribe antibioticos com base em duas falácias perigosissimas: por um lado acham que para exterminar uma bactéria mais vale atacá-la com o antibiótico mais poderoso a que puderem deitar mão e por outro que, para determinado antibiótico, a via intravenosa é mais eficaz que a via oral. Ora no primeiro caso trata-se de uma situação semelhante a tentar matar uma mosca com uma bala de canhão e no segundo um erro, uma vez que se a mucosa do estomago estiver intacta e o doente nao apresentar patologias gástricas a absorção se faz normalmente. Além disso, de que cada vez que se administra uma injecção a integridade da pele é quebrada e procede-se a abertura de orificios que os microrganismos usam para entrar no corpo.

Nota: a meticilina é um antibiótico que foi usado há muitos anos no tratamento de infeccoes com Staph. Aureus. Hoje em dia nao é utilizada para o tratamento de infeccoes mas apenas como meio de classificar este tipo particular de resistencia.

10 Comments:

Blogger Rosario Andrade said...

Caro PR, para a gripe, (em principio de origem viral) nao ha tratamento... é mais ou menos assim: se tomares alguma coisa passa em 7 dias, se nao tomares nada passa numa semana...
Swe comecares a sentir sintomas de infeccao bacteriana (dor forte no torax, expectoracao amarelada ou outras cores menos bonitas, etc), isso é outra historia, procura um medico porque precisaras de antibiotico.
Espero que melhores brevemente... nao te esquecas de comer bem e beber muitos fluidos!
Abracicos!

1:58 PM  
Blogger Platero said...

Olá Rosario

Gostei do texto, é sempre bom aprender algo de novo ou relembrar o que se aprendeu há muitos anos.

Quando falaste dos 3 países do Sul de certeza que aí estava incluido também Portugal,pois o que se passa é que para além dos antibióticos prescritos pelos médicos, existem ainda os resultantes da automedicação, com a agravante de quando o paciente se sente um pouco melhor (mas não totalmente)deixar de os tomar a contribuir para as imunidades das bactérias, e em terceiro lugar e na minha opinião tão ou mais grave do que anterior, os antibiótiocos, na carne e no leite que se consomem, derivados das medicações veterinárias legais, ou da administração ilegal de antibióticos ao gado.

PS. Pelo texto escrito e sendo tu da área das ciências depreendo que estejas: a) ligada à area de saúde ou b) ligada à área de microbiologia.

P.S.S. Para tratar a gripe, nada como um "antibiótico" natural, Leite muito quente + mel + aguardente (ou Whisky)

Ou

Uma gema de ovo batida + mel + whisky tudo bem batido + água quente servido com um pouco de canela por cima e com um pouco da raspa de casca de limão.

Um abraço

3:09 PM  
Blogger Rosario Andrade said...

Caro platero,
Tens toda a razao. Ha muito mais a discutir sobre este assunto mas o post ia ser enorme... por isso dedicar-lhe-ei outros.
Portugal esta ncluido na listinha (como sempre esta em todas as listas neras)
Os teus conselhos para as gripes (viroses) estao absolutmante correctos, inserem-se no conselho de comer bem, beber liquidos e sim, alcool parece ajudar muito.
E sim, estou ligada a area de saude, sou farmaceutica clinica.

Abracicos!

3:41 PM  
Blogger Inha said...

E eu que a par e passo estou a tomá-los por quase da bronquite! Agora ando a fazer dieta e um tratamento ao estômago!...

3:41 PM  
Blogger mfc said...

O facilitismo é no que dá...
Pega-se no primeiro antibiótico e de mais largo espectro... e lá vai!
Depois é que são elas!!!

3:46 PM  
Blogger Rosario Andrade said...

Inha,
Lamento que tambem estejas doente...No teu caso justifica-se o uso de um antibiotico (Amoxicilina?)...
Nao te esquecas que, no caso de tomares a pilula, o antibiotico diminui a eficacia!...

Abracicos!

3:53 PM  
Blogger Inha said...

Eritromicina. Juntamente com aminofilina e restantes medicações habituais com cortisona dá um efeito tremendo, já podes imaginar! O que vale(?) é que as crises são normalmente no princípio do Outono e da Primavera.
E o meu pai toma praticamente as mesmas coisas que eu, só que, no caso dele, para os ossos.

4:46 PM  
Blogger Rosario Andrade said...

Credo mulher!...e com a cortisona (aqui usa-se a prednisolona) nao admira que necessites de tratamento para o estomago! Espero que te tenham dito que a deves tomar sempre depois da comida, para ajudar a protegar o estomago.
Eritromicina normalmente usa-se se a pessoa é alergica a amoxi (ou se ja usou a amoxi, o cefalor-2da escolha, e se as danadas das bacterias se tornaram resistentes, la esta).

5:06 PM  
Blogger Inha said...

Que deve ser o caso. É o negócio dos fármacos que impera, por aqui. De qualquer forma valeu pelo aviso. Muito Obrigada, Rosário. BJS e BFS. :):):)

5:44 PM  
Anonymous Anonymous said...

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