O linho
Depois de arrancadas, arranjavam-se as plantas em molhos que eram açoitados para se extraíam as semente. Depois disso eram transportados ao rio onde eram imersos em água corrente durante cinco dias. Decorrido esse tempo, retiravam-se e expunham-se ao sol por dois dias até estarem plenamente secos.
Os corpos desidratados das plantas eram então pacientemente malhados com um instrumento de madeira (maçadouro), dilacerando os caules lenhosos e expondo o conteúdo fibroso. De seguida “espadava-se” a matéria obtida e o linho ficava em “estriga”. As “estrigas” eram então “assedadas” (cedadas?), numa operação em que era separada a estopa grossa do linho fino, fazendo passar várias vezes pequenas quantidades por um pente de metal (cedeiro). Finalmente, a matéria obtida desta operação estava pronta a ser fiada.
Mas não terminava aqui a árdua preparação do linho. Depois de fiado, o linho era “ensarilhado” em meadas usando um argadilho e de seguida as ,eadas eram “empoetadas” com cinza. Esta operação consistia em colocar as meadas em camadas alternadas com cinza num caldeirão, cobrir de água a pilha e fazer ferver o linho. Após cozidas, as meadas tinham de ser lavadas e expostas ao sol até descorarem até ao tom desejado. Finalmente estava o linho pronto a ser dobado em novelos, e tecido.
O espinhoso processo de obtenção do linho era aligeirado por algumas tradições que iam ocorrendo ao longo da preparação. As diversas tarefas eram efectuadas por bandos de moças. Quando o linho era mondado, os rapazes precaviam-se para não serem apanhados sós pelas raparigas. Se isso acontecesse, o pobre incauto sofria um atentado colectivo em que o grupo das moçoilas “contava os galhos” ao desgraçado. A enganadora expressão significava que o mancebo era imobilizado e os testículos tacteados. Se era uma oportunidade para estabelecer a virilidade do efebo ou apenas uma pequena vingança feminina não sei. Mas por mais que a feminil ousadia pareça inócua, a verdade é que as castas jovens por vezes executavam a tarefa com um entusiasmo impetuoso que podia deixar o desacautelado macho muito doloroso por alguns dias.
Quando as moças levavam o linho ao rio, os rapazes aproveitavam a oportunidade para namoriscar, sufruindo do facto de as jovens estarem livres da feroz vigilância paternal mas ainda assim acompanhadas umas das outras para que a honra das ditas não fosse maculada.
7 Comments:
Fixe...
e as melhoras também
inté
P.S- gostava de ver esse vestido de Prima'Vera!
obrigado. e bom dia.
bela exposição aqui tens com um recorte bem detalhado deste moroso processo, para no fim e com um simples gesto eu vestir uma camisa de linho.
parabéns.
bjcs
adesenhar...........
.....excelente trabalho de recolha de tradições.....
P.S. ás vezes é dificil aceder ao meu e-mail através do blogue, mas por favor tenta enviar directamente do teu e-mail, o meu é coisas-do-burro@hotmail.com, muito obrigado!
Beijinho :)
Hoje o Micróbio faz anos... :-)
Olá Rosário!!!
Finalmente consegui entrar no teu blog, não sei se é do meu pc mas, há dias que aqui não conseguia vir.
Não me esqueci de ti, acho o teu blog muito bom!
Sabes, adoro linho! gosto da sua textura, da sua cor e de tudo o que ele representa!
Beijinhos
gostei, aprendi
jocas maradas
Impressoes
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