Friday, February 24, 2006

Aviso



...amanhã parto para o reino luso! Por isso os posts estarão condicionados durante uma semanita! mas não deixem de visitar e de deixar recadinhos! Eu vou passando e postando quando for possivel!

Abracicos!

Uma questao de bilis...



Na edição da revista Nature de 5 de Janeiro publica-se um interessante artigo de Laura Spinney sobre uma exibção nas galerias nacionais em Paris e Berlim. Intitulada “Melancolia, génio e loucura no Ocidente”, procura seguir as diferenças de atitude perante a melancolia ao longo dos séculos.
A melancolia foi considerada fonte de inspiração por intelectuais, misticos, artistas e cientistas. Os antigos Gregos consideravam-na como fonte criativa mas com a chegada do cristianismo adquiriu um significado diabolico. Os pensadores medievais não reconheciam qualquer criatividade relacionada com a melancolia e associaram-na antes com demencia a alucinação.
Para os filósofos gregos a melancolia tinha origem no baço e na bilis negra, tendo o Outono como estação, o entardecer como hora favorita do dia, a terra como elemento, e Saturno como planeta.
A Renascenca veio alterar a percepcao da melancolia passando esta a ser considerada como fonte de inspiração. Entre os filhos de Saturno encontravam-se parias socias assim como individuos de temperamento soturno. Entre outras criaturas que vieram enriquecer o imaginario, o lobisomem tornou-se parte no fenómeno. No sec. XVII D. Quixote era um exemplo de sonhador melancólico.
Com o advento do Iluminismo, ideias sociais e médicas divergentes surgiram. O diagnóstico de monomania foi então usado para este tipo de comportamento e mais tarde o termo depressão bipolar começou a ser usado para denominar as fases maniaca e depressiva da condição.

Thursday, February 23, 2006

Discussoes


De um modo geral, as querelas eram originadas por diferendos relativos a terras, e isso era um assunto muito sério. Muitas brigas, sempre de uma violência verbal cáustica, eram originadas pelo disse que disse. De qualquer maneira quando alguém discutia toda a aldeia sabia pelos gritos histéricos dos intervenientes, mulheres na maior parte das vezes. Muitas vezes as querelas envolviam famílias inteiras e podiam manter-se anos consecutivos.
Algumas pessoas tinham um talento especial para se envolverem em argumentos coloridos e faziam-no com uma frequência regular para gáudio dos restantes. Normalmente, aos primeiros sinais de zaragata juntava-se uma urbe razoável para medir fundamentos e para separar os litigantes se a coisa se tornasse mais física e mais interessante.
Para as ofensas havia uma gradação. Se alguém chamasse "puta" a outra, a segunda superava o cumprimento respondendo "re-puta". Mas a primeira podia ainda contrapor "contra-puta", o que era uma ofensa muito mais grave, não sei bem porquê. Mas as coisas não ficavam por aqui e podia chegar-se a "re-contra-puta" e por aí adiante.

Wednesday, February 22, 2006

A agua e a calma...





...e este choro que não vem
que me estagna a alma
e não brota de veia nenhuma...
que me percorre em trombos,
na febre aguda do meu cansaço.

Ah, mas porque não me desfaço
logo em sal
e limpo a alma de todo o torpor?

...
...porque tardam a água e a calma?

Tuesday, February 21, 2006

Oh miu amor


Óh miu amor quien te bira
Trinta dies cada més
Cada semana seis dies
I cada hora sue beç

Monday, February 20, 2006

A gentil arte de tratar um ditador


Recentemente, no The journal of the Royal College of Physicians of Edinburgh, o Dr. Doyle descreve os cuidados médicos prestados a Adolfo Hitler. O ditador era um hipocondriaco que escolheu como médico pessoal um individuo notável, Theodor Morrel.
Morrel era um venereologista, e o oitavo de uma série de médicos que trataram Hitler em várias ocasioes. Morrel praticava uma medicina não convencional e havia declinado convites para ser médico pessoal do Chá da Pérsia e do rei da Roménia. Juntou-se ao partido nazi em 1933 e em 1936 Hitler recorreu aos seus serviços para tratar um eczema crónico, e consequentemente um conjunto de outras afecçoes.
Morrel era descrito como um homem idoso, bruto, e pouco higiénico, mas Hitler achava-o afável.
Sob as instruçoes de Hitler, Morrel administrava injecçoes de glucose, metanfetamina, glicosideos cardiacos, corticosteroides, estricnina e atropina, bem como cerca de 90 comprimidos contendo 28 formulaçoes diferentes, contando entre os constituintes vitaminas, brometos e barbituratos. Um medicamento curioso, aparentemente escolhido pessoalmente pelo ditador, consistia numa preparação feita a partir de uma composição que servia para limpar armas. Descobriu-se mais tarde que este “medicamento” era toxico, causando dor de cabeca, diplopia, tonturas e tinitus (zumbidos ou ruidos nos ouvidos).
Alem das queixas causadas sem dúvida pelos estranhos e duvidosos medicamentos, Hitler tinha ainda de suportar cólicas abdominais recurrentes alternando diarreia com obstipacao, inflamaçoes oculares, insonia, depressão e ataques de panico (… por que é que sera?...).
Parece pouco provável que Morrel tenha ajudado o ditador a superar quaisquer das condiçoes de que se queixava. Na verdade, parece que os remédios tornaram a vida de Hitler ainda mais dolorosa do que normalmente seria…

Saturday, February 18, 2006

Homem


O Ministério da Saúde, preocupado com o que vem ocorrendo no mercado no que diz respeito ao uso inadequado de alguns medicamentos, vem a público prestar os seguintes esclarecimentos:

NOME DO MEDICAMENTO : HOMEM
Indicações: Homem é recomendado para mulheres em geral. Homem é eficaz no controle do desânimo, da ansiedade, irritabilidade,>mau humor, insónia, etc....

Posologia e Modo de usar
: Homem deve ser usado pelo menos três vezes por semana. Não desaparecendo os sintomas, aumente a dosagem. Homem é apropriado para uso externo ou interno, dependendo das necessidades.

Precauções:Mantenha longe do alcance das amigas. Manuseie com cuidado, pois Homem explode sob pressão, principalmente quando associado a álcool etílico. É desaconselhável o uso imediatamente após as refeições.

Apresentação: Mini, Midi, Plus ou Super Mega Maxi Plus

Em caso de Overdose
: O uso excessivo de Homem pode produzir dores nas ancas, dores abdominais, entorses, contracturas lombares, assim como ardor na região pélvica. Recomenda-se banhos de assento, repouso e confidências para a melhor amiga.

Efeitos Secundários
: O uso inadequado de Homem, pode acarretar gravidez e acessos de ciúmes. O uso concomitante de produtos da mesma espécie pode causar enjoo, fadiga crónica e em casos extremos lesbianismo.

Prazo de Validade
: O número do lote e a data de fabrico, encontram-se no Bilhete de Identidade e no cartão de crédito.

Composição
: Água, tecidos orgânicos, ferro e vitaminas.

Atenção
: não contém CIMANCOL.

CUIDADO:
Existem no mercado algumas marcas falsificadas - embalagem de excelente qualidade, mas quando desembrulhado, verifica-se que o produto não fará efeito nenhum, muito pelo contrário, o efeito é totalmente oposto, ou seja, além de não ser eficaz no tratamento das mulheres, podem agravar os sintomas e até inibindo o efeito do medicamento correcto.

INSTRUÇÕES PARA O PERFEITO FUNCIONAMENTO DE UM HOMEM:
1 - Ao abrir a embalagem, faça uma cara neutra: não se mostre muito empolgada com o produto. Se fica muito segura de si, o homem não funciona bem.
2 - Guarde em local fresco (homem fedorento não dá) e seguro (não esqueça que ele é o sexo frágil).
3 - Deixe fora do alcance de qualquer vizinha sorridente. Ela pode fazer um estrago ao seu produto.
4 - Para ligar, basta uns beijinhos no pescoço pela manhã. (falta de educação é um defeito de fábrica).
5 - Programe-o para assinar os talões de cheque sem fazer muitas perguntas.
6 - Carregue as baterias três vezes por dia: café da manhã, almoço e jantar. Mais do que isso provoca pneuzinhos indesejáveis.
7 - Em caso de defeito, algumas tácticas costumam dar certo : comece escondendo o controlo remoto. Se a falha persistir, cancele o futebol do fim-de-semana e o copo com os amigos. Se o problema for grave mesmo, é preciso tratamento de choque: a única solução é greve de sexo.
8 - Há coisas que devem ser estipuladas para ele fazer bem, como seja mudar lâmpadas, abrir frascos de azeitonas de maionese e latas em geral, trocar pneus, carregar malas, pregar pregos na parede, arranjar o carro, passear o cão, etc.

ATENÇÃO
!- Homem não tem garantia e todas os lotes são sujeitos a defeitos de fábrica, como deixar toalha molhada na cama, urinar na tampa da sanita deixando-a levantada, fazer confusão, espalhar as coisas, criticar, reclamar, auto-exaltar-se, beber demais, comer cebola, esquecer datas de aniversário, roncar, etc... Não existe conserto. A solução é ir trocando até se encontrar o modelo ideal, que, dizem as recentes pesquisas, ainda não foi INVENTADO (mas não custa tentar!!!...).
(O Infarmed ainda está a estudar esta comunicação antes de se pronunciar...)

(recebido por email)

BOM FIM DE SEMANA!

Friday, February 17, 2006

Opera e agentes farmaclogicos III

Medicamentos
Referencias a medicamentos, no sentido moderno da palavra são raras na ópera. Há poçoes para dormir em “Mefistofele” (Boito) e em “Contos de Hoffmann” (Offenbach) o Dr. Milagre leva alguns medicamentos a Antónia.
Em “Pacience” de Gilbert e Sullivan, o poema de Bunthorne menciona calomel (cloreto de mercurio) usado no passado como purgante, mas o mesmo não tem um papel activo no enredo.
Por outro lado, há imensas afecçoes não tratadas na ópera. Por exemplo a loucura abunda- Hamlet, Ofélia, Peter Grimes, Otelo…Os medicamentos psiquiátricos modernos, se disponiveis na altura, teriam certamente modificado os enredos das respectivas óperas, assim como o tratamento da tuberculose teria alterado “La Boheme” (Puccini), “La Traviata” (Verdi). Do mesmo modo, o tratamento para o coração teria alterado o final de “Contos de Hoffmann”.
“Sansao e Dalila” oferece um desafio de interpretação; os ouvintes sao levados a ponderar sobre a natureza da força de Sansão. A perda de força deste personagem, coincidente com o corte do cabelo, parece uma metáfora para a exaustão que aparentemente Dalila lhe impoe no idilio que mantêm fora dos olhos dos espectadores. Talvez um dos tratamentos modernos para a impotência, como o Viagra, tivesse ajudado Sansão a manter a virilidade até derrotar os seus inimigos politicos… a não ser, é claro, que a insinuação de que a sua força residia no cabelo fosse verdadeira. Neste caso talvez beneficiasse de um estimulante capilar tal como Regaine!...

Thursday, February 16, 2006

Impressoes- Chuva





...o dia consensa-se no meu peito... Escorrem, por entre a minha mortalidade reles, gotas de nada... será? para outros seres a chuva é o tudo, porque traz no ventre a seiva de uma Primavera anunciada... (a mim, por vezes, tolhe-me a vontade... porque sou um ser adverso...arrizo!)

Tuesday, February 14, 2006

La semana


La semana ye cumprida
L Sábado inda ye maior
Quien me dira que fusse Deimingo
Para falar cul miu amor

Monday, February 13, 2006

O Entrudo

A época mais divertida na escola era o Entrudo. Os preparativos começavam muito antes, nos Trabalhos Manuais fazíamos chapéus de cartolina, de forma cónica, no qual desenhávamos imagens coloridas e enfeitávamos com fitinhas na extremidade. Fazíamos as máscaras de cartolina também, a partir de moldes usados anos após anos, uma cara de cão ou de gato, mais ou menos pomposa conforme as capacidades artísticas de cada um. Os mais sortudos exibiam com orgulho umas máscaras de plastico, muito garridas, compradas normalmente na feira.
Muito antes do Entrudo dava-se a volta à aldeia à procura do peru mais rechonchudo e com as faces mais vermelhas onde se adivinhava a valentia. A procura e as negociações eram demoradas e mantidas no mais absoluto sigilo para que as classes concorrentes não suspeitassem do achado e tentassem por meio de oferta superior ou por causa de parentesco afastado minar o negócio. Os alunos de cada classe contribuíam conforme as suas posses e estica de uma lado estica de outro lá se conseguia atingir a quantia pedida pelo vendedor e finalmente o negócio lá se realizava.
Na semana anterior ao Entrudo construíamos, com pompa e circunstância, o andor em que o galináceo iria ser levado em cortejo. Uma caixa de madeira, onde as sardinhas vinham da lota, servia de base. Quatro ripas fortes, pregadas solidamente nos cantos serviriam para levar ao ombro todo o aparato. A partir da base, deixando na frente uma abertura, erguiam-se mais umas ripas que se rematavam com um tecto do mesmo material. Esta estrutura era então cuidadosamente preenchida com hera e finalmente enfeitada com fitas de papel colorido.
No dia marcado, cada classe transportava ruidosamente o seu perú entre vivas ao professor, gritos e cânticos de alegria, lengalengas alusivas ao Entrudo e as festividades e ameaças veladas à ave:
Ó peru da crista roma
poca sorte foi a tua
A barriga da minha mestra
Vai ser a tua sepultura.
O objectivo era oferecer ao respectivo professor o melhor perú da aldeia, não só superior em estatura, mas também em valentia. Para demonstrar esta última característica, a procissão dirigia-se a um terreiro onde os pobres animais eram instigados uns contra os outros. Depois da luta, o peru vencedor era considerado um herói e lavado em cortejo pela aldeia para mostrar a todos a valentia da ave e a verdade consequente e absoluta de que o professor da classe era o melhor do mundo.
Oferecia-se então o animal glorioso ao mestre e a partir daí a sua sorte era a ele que pertencia. Nunca se ouviu dizer que a carreira nos ringues se tenha prolongado...

Saturday, February 11, 2006

Dias assim...


Estou com o burro amarrado. Se vos contasse o meu dia não íam acreditar...
Estive a trabalhar e estou de prevenção e como se isso não chagasse... não é que os doidos andam todos à solta? Até parece que sabem que sou eu que estou de prevenção!
Até agora ja tive a cachopa que bebe anti-freeze (ja falei dela durante uma outra prevenção). Esta foi a trigésima vez que foi admitida por beber a cena que impede os motores de congelar... pronto, cá veio mais uma vez para "beber" álcool pela veia... não sem antes me terem chatado durante a noite por causa dela.
Foi ainda admitida a outra cachopa (outra das regulares) que tem uma doença metabolica rara. A tipa até podia ter uma vida normalíssima se tomasse os comprimidos. Mas pronto, de vez em quando dão-lhe uns "repentes" pelas ideias e deixa de os tomar. Conclusão, todos os meses é admitida para lhe serem administrados os medicamentos intravenosamente. Desta vez decidiu que também não gosta de os tomar por essa via. Além disso é extremamente maleducada e violenta com o pessoal. Já ninguém pode com ela. À terceira vez que me chamaram para resolver os problemas relacionados com a medicação disse ao médico "I am up to here with that patient...!" ao que ele respondeu "So am I and everybody on the ward, can you help?, we just want to fix her as soon as possible to get rid of her!". O que é que fazem, pergunta-me, podem usar um tubo nasogástrico? Podem sim senhor, espetem-lhe com ele pelas trombas (sem usar anestesia, se faz favor!)... e boa sorte!... e please, please, please! mandem-me esse entulho para casa, que eu dou em louca se me "blipam" só mais uma vez que seja por gajas que não gostam de tomar comprimidos!
Isto está a correr bem, está!...

BOM FIM DE SEMANA PARA VOCÊS!!!!!!

Friday, February 10, 2006

Mas nao.


...
Mas não. Sou compacta. Concêntrica. Esférica e flutuante. E não me dou. Aninho-me apenas na minha personalidade circunflexa. Projecto-me num universo orbital e distante. Diluo-me na febrilidade da negação... em laivos de prazer tópico.

Thursday, February 09, 2006

Opera e agentes farmacologicos II

Nicotina, morfina e cocaina

A nicotina, com os seus múltiplos efeitos estimulatórios e depressivos no cérebro e restante sistema nervoso, tem um papel central na mini-ópera de Wolf-Ferrari “O Segredo de Susana”. A ópera baseia-se no gosto de Susana pelo tabaco e na crença que o seu hábito nao é notado pelo marido. Susana debate-se entre o seu vicio e a percepção dos valores morais do marido.
Por uma gloriosa coincidencia, que ocorre frequentemente em operas, o marido de Susana também é fumador. Tal explica que nenhum dos dois detectasse o cheiro do fumo nas roupas do outro. Para grande prazer do seu criado, a felicidade conjugal é atingida quando ambos descobrem o hábito um do outro e podem a partir dai fumar na presença um do outro.
O tabaco é também um factor importante (embora não decisivo no enredo) na “Carmen” de Bizet. Carmen e as outras cachopas do coro trabalham numa fábrica de cigarros e o drama desenvolve-se no seu intervalo de almoço, durante o qual saem da fábrica para deleite dos soldados.
As moças cantam acerca de um perfume que persiste no ar, acalmando a mente e causando alegria. É evidente que as raparigas não tem em mente grandes preocupaçoes com as consequencias do fumo na saude, mas o tabaco é simbólico: numa atitude filosofica, elas cantam acerca da natureza efémera do acto de fumar...do mesmo modo as enganosas promessas dos soldados se desvanecem e são esquecidas rapidamente.

Dans l’air, nous suivons des yeux
La Fumée,
Qui vers les cieux
Monte, monte perfumée.
Dans l’air nous suivons des yeux
La fumée.
Cela monte gentiment
A la tete,
Tout doucement cela vous met
L’ame em fete,
(…)
Le doux parler des amants
C’est fume;
Leurs transports et leur serments
C’est fumée.
(…)

Em “Peter Grimes” de Britten, Mrs Sedley murmura “Have you my pills?” a Keene, o farmaceutico. Aquela personagem é viciada em láudano. Usa-o para a ajudar a dormir, para grande prazer dos homens da aldeia. O laudano, um extrato alcoolico de tintura de ópio, era amplamente usado há um século. Na medicina moderna, ainda tem um papel (limitado) no tratamento da diarreia e o principio activo, a morfina, é usada no tratamento da dor.
Na opera-jazz de Gershwin “Porgy and Bess” (lembram-se do inesquecivel Summertime?), Sporting Life, o maior ceptico do mundo (“it ain’t necessarily so!”) vende cocaina (a qual chama “happy dus”), a Crown, Bess e aos outros habitante sde Catfish Row, especialmente durante o piquenique anual em Kittiwah Island. Ele vende o produto extraido das folhas de Erythroxylum coca em pequenos pacotes brancos, que mantém na fita do chapéu, descrevendo-o como “de stuff for the scare away dem lonesome blues”.

Tuesday, February 07, 2006

L ANTRUIDO DE LAS PALABRAS


Las palabras agárran-se a las cousas i al tiempo
Bénen de tan longe cargadas de bida i sentido
Que solo se deixan conhecer por música.
Screbir ye poner un maçcarilha que las sconde
I las deixa a drumir asperando quien las diga

Hai palavras culas alas de l sentido cortadas
E quando las dezimos nun son capazes de bolar
Nien nós las entendemos
Porque andamos culhas ne l bolso
Como cachico de bida que quedou agarrado a um retrato.

Las palabras ténen bilhete d’eidentidade
I certidón de nacimiento:
Hai que antrar an casa deilhas ua por ua
Çcubrir l que tén andrento
I stendé-las a la jinela cumo mantas an manhana de San Juan.

Fracisco Niebro, “Cebadeiros”, Porto: Campo das Letras, 2002)

(As palavras agarram-se às coisas e ao tempo
Vêm de tão longe carregadas de vida e de sentido
Que só se deixam conhecer por música.
Escrever é pôr uma máscara que as esconde
E as deixa a dormir esperando quem as diga.

Há palavras com as asas do sentido cortadas
E quando as dizemos não somos capazes de voar
Nem nós as entendemos
Porque andamos com elas no bolso
Como cachico de vida que ficou agarrado ao retrato.

As palavras têm bilhete de identidade
E certidão de nascimento
Há que entrar em casa delas uma por uma
Descobrir o que têm dentro
E estendê-las à janela como mantas em manhã de S. João. )

Monday, February 06, 2006

Direitos Humanos



No The New England Journal of Medicine de Dezembro, Susan Okie publica um artigo denominado “Glimpses of Guantanamo-Medical Ethics and the War on Terror”, após ter visitado aquelas instalaçoes em Outubro. Esta médica fazia parte de uma pequena equipa de profissionais da saúde civis -médicos, psicólogos e especialistas em ética- convidada a visitar Guantanomo numa tentativa do exército Americano de aligeirar as criticas e limpar a imagem relativamente a este assunto.
Após terem participado numa entrevista com o o general Jay W. Hood, comandante do campo, que respondeu a perguntas relacionadas com os métodos de interrogação e a assistencia médica dos detidos, a equipa foi conduzida através do diversos edificios.
Apesar de lhes ter sido prometido que lhes seria permitido contactar com os detidos, a equipa nunca teve oportunidade de o fazer, avistando apenas um grupo de presos, ao longe, no Camp 4, uma das alas com nivel menos elevado de segurança.
A equipa esperava poder falar com os detidos que actualmente se encontram em greve de fome como medida de luta contra as condiçoes inumanas e a falta de acompanhamento médico. Os nove doentes permaneceram incontactáveis e invisiveis e Susan conta como foi interpelada por um dos guardas quando tentou aproximar-se da ala onde os doentes estavam internados. Os oficiais forneceram várias explicaçoes para a mudança de planos em deixar os médicos civis contactar com os doentes. Segundo eles não queriam uma mediatização inoportuna da greve de fome, temiam que os doentes se tornassem violentos e tentavam também assim proteger a privacidade dos detidos (????!!!!).
Apesar de todas as criticas relativamente ao tratamento dos detidos na Guerra contra o terror, os profisioinais médicos, de segurança e lideres militares ostentam com orgulho o facto de nenhum prisioneiro ter morrido no Camp Delta. Uma das medidas utilizadas para que isso aconteca é a alimentação enterica forcada.
A World Medical Association declarou em 1975 que os prisioneiros que recusam alimentos e cujos médicos consideram capazes de perceber as consequencias não devem ser alimentados artificialmente e as autoridades inglesas permitiram que membros do Exército Republicano Irlandes detidos levassem a greve de fome até as ultimas consequencias em 1981. No netanto, os medicos nas prisoes federais americanas podem ordenar a alimentacao forçada.
Outra das grandes questoes envolvendo os prisioneiros, é a alegação do uso de técnicas de interrogação abusivas e desumanas. Este grupo de profissionais civis estava particularmente preocupado no possivel envolvimento de profissionais de saúde no abuso dos prisioneiros. O grupo questionou Hood acerca das técnicas de interrogação e do papel dos psicologos e psiquiatras nas equipas de Behavioral Science Consultation Teams (BSCT), que observam os interrogatorios e fornecem aos interrogadores e guardas informaoes acerca das melhores técnicas para obter a cooperação dos detidos.
Recentemente, organizaçoes profissionais da área da saúde mental tem tentado estabelecer limites éticos para os seus membros. Em Junho, a American Psychologiacal Association (APA) concuiu que "é consistente com o Código Etico da APA que psicólogos sirvam me lugares de consultadoria em processos de recolha de informação em assuntos relacionados com a segurança nacional" embora não devam "apoiar, facilitar ou oferecer treino em tortura e outros tratamentos crueis, inumanos ou degradantes".
No mes passado a assembleia da American Psychiatry Association assinou uma declaração indicando que psiquiatras não devem participar ou servir como especialistas na interrogação coerciva de prisioneiros envolvendo métodos tais como degradação, ameaças, isolamento, imposição de medo, deprivação sensorial ou estimulação excessiva, deprivação de sono, exploração de fobias, ou imposição de dor fisica como a acausada por posiçoes incomodas prolongadas.
Apesar disso, um documento confidencial do Comite Internacioanl da Cruz Vermelha recebido pelo governo dos EUA (com uma subsequentemente fuga para os media) acusava que as tecnicas usadas se assemelham a tortura e alegava que o pessoal médico, através das BSCT, fornece aos interrogadores informaçoes acerca das vulnerabilidades psicológicas dos prisioneiros.
De acrescentar que numa prisao civil, se um psiquiatra forense examina um detido, o psiquiatra explica em primeiro lugar ao prisioneiro que a entrevista pode nao beneficiar os seus interesses e que lhe é permitido recusa-la. No processo dos detidos em Guantanamo nada disso acontece, e Steven S. Sharfstein, presidente sa American Psychiatry Association e que também visitou Guantanamo naquele dia, diz que há consenso na sua organizaçao no facto de psiquiatras nao deverem estar envolvidos no interrogatorio de detidos em Guantanamo, no Iraque ou no Afeganistao.
Na altura em que tanto se fala de Auschwitz e dos horrores ali ocorridos, o que podemos dizer hoje da Declaraçao dos Direitos Humanos, da Convençao de Geneva, da dignidade e do valor da vida humanas?
Qual o valor e o papel do Tribunal Penal Internacional?
Para quando o fim da politica "dois pesos, duas medidas" de acordo com a riqueza e do poder dos que cometem os crimes?

Saturday, February 04, 2006

Impressoes




Na casca do tempo e das coisas que tentam persistir... esculturas escavadas pelo escopro dos elementos.

Friday, February 03, 2006

...da-te asas!

Foto de Denis Cauchoix

Pronto...agora o teste final. Será que aquela cena do RedBull dá mesmo asas?...

Bom fim de semana!

Thursday, February 02, 2006

Opera e Agentes Farmacologicos

Agentes farmacológicos de vários tipos têm um papel importante em diversas óperas. A maioria desses agentes tem origem vegetal porque as plantas eram a fonte de excelência dos medicamentos na altura em que o librettos (ou a literatura em que se baseiam) foram escritos. Em algumas óperas, os agentes farmacológicos desempenham um papel central no enredo. Em outras as referâncias aos mesmos são mais periféricas relativamente à história.
Geralmente a identidades verdadeira do agente farmacológico perde-se na poesia do libretto, na transferência da história de uma forma de arte para outra (por exemplo de uma peça de teatro para ópera), ou na tradução do libretto para outras línguas.

Alcool
O álcool é o agente farmacológico mais abundante na ópera, sendo talvez impossivel contar o número de exemplos. Aparece amplamente como componente da cena social.
O alcool é a estrela na ópera "L'elisir d'amore". A ópera centra-se na fraqueza dos jovens e a sua procura pela facilitaçao das suas aventuras amorosas, e na capacidade de uma das personagens disfarcar Bordeaux barato como promotor dos afectos. Além deste desejado efeito, o burlao, o Dr. Dulcamara atribui ainda ao elixir poderes mágicos mais amplos, dizendo no acto 1, cena 2 "move paraliticos, é eficaz com apopleticos, asmaticos, histéricos, diabéticos, cura dor de ouvidos (...) e ainda doenca do figado".
Nemorino, um jovem campones que anseia ganhar o coraçao da dificil Adina, é ludibriado pelo charlatao e acredita que o elixir é aquele partilhado entre Tristao e Isolda. O efeito exuberante do Bordeaux em Nemorino atrai as atençoes... mas muito se passará até ao final... afinal é uma ópera!

Wednesday, February 01, 2006

Que mais?


Que mais queres?... a ausencia, nao é já uma renuncia? Agora, como prometeste, permite que o licor dos dias seja o meu sangue, e deixa-me existir...