Discussoes
De um modo geral, as querelas eram originadas por diferendos relativos a terras, e isso era um assunto muito sério. Muitas brigas, sempre de uma violência verbal cáustica, eram originadas pelo disse que disse. De qualquer maneira quando alguém discutia toda a aldeia sabia pelos gritos histéricos dos intervenientes, mulheres na maior parte das vezes. Muitas vezes as querelas envolviam famílias inteiras e podiam manter-se anos consecutivos.
Algumas pessoas tinham um talento especial para se envolverem em argumentos coloridos e faziam-no com uma frequência regular para gáudio dos restantes. Normalmente, aos primeiros sinais de zaragata juntava-se uma urbe razoável para medir fundamentos e para separar os litigantes se a coisa se tornasse mais física e mais interessante.
Para as ofensas havia uma gradação. Se alguém chamasse "puta" a outra, a segunda superava o cumprimento respondendo "re-puta". Mas a primeira podia ainda contrapor "contra-puta", o que era uma ofensa muito mais grave, não sei bem porquê. Mas as coisas não ficavam por aqui e podia chegar-se a "re-contra-puta" e por aí adiante.
2 Comments:
Esse gradualismo ascende a "puta, re-puta..., etc" é brilhante de tão incompreensível. Há coisas que só mesmo em Trás-os-Montes.
Mas, por todo o lado, as terras e a água estão na origem de graves conflitos. E de homicídios.
Essas disputas são graves e deixam sequelas. Ainda hoje se fala de estórias dessas.
Impressoes
<< Home