Nina
O quintal da nossa casa comunicava com os quintais de outras duas e as portas estavam sempre encostadas. A casa da tia Romas era a minha preferida. Tinha sempre muitos gatos que ela recolhia da rua e salvava da fome. Era uma família de comerciantes. O filho ia ao Porto todas as semanas, trazia a carrinha cheia de fruta, de galinhas ou de peixe, sardinhas, peixe vermelho, polvo, safio e pouco mais. A carrinha chegava de manhã cedinho e fazia-se anunciar por meio de um sonoro buzinão. Para cada um dos víveres estava designado um dia da semana.
A tia Romas era uma senhora idosa, de uma bondade extrema. Tinha duas filhas adolescentes, lembro-me vagamente de as ver a desenhar e a colorir desenhos, a fazer bolos... deixavam-me sempre lamber os tachos e comer a primeira fatia, ainda quente, mal o bolo saia do forno. Chamavam-me "a nossa menina" ou simplesmente "Nina". Era esse o nome pelo qual respondia enquanto criança.
Labels: Carção, crónicas da aldeia
10 Comments:
A minha irma mais nova tambem responde, hoje ainda, pelo mesmo! :)
Delicioso este seu regresso a infancia!
Que bem que nos fazem estas pequenas grandes recordações da infância, ó Nina!
QUE PREFEITO!
O guarda faz sinal para o
motorista parar, na rua. O sujeito
abaixa o vidro:
– O que houve, seu guarda?
– Não sei se o senhor soube. Seqüestraram nosso prefeito.
Os seqüestradores dizem que, se não pagarmos o resgate, jogarão gasolina e o queimarão vivo. Estamos pedindo ajuda. O senhor contribuiria?
– Quanto estão doando em média?
– Ah, entre 5 e 6 litros.
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Saúde e paz!
www.baratas.tk
Linda Nina...
O texto está delicioso...em tudo...e então a lamber o tacho do bolo...
A minha sobrinha M.J. chama-me ninha ... querendo ela chamar-me madrinha.
Um beijinho grande
OBS:
Tirei fotos do meu Coimbra, mas ficou um pouco escuro, um dia destes, mando-te...para recordares.
Oi Rosario! Belas lembranças da infância, hein? Isso no rejuvenece com certeza.
abraços
o Sibarita
Porque é que temos q crescer? Era tão bom ser criança.
beijitos.
Recordações de infancia, quando boas, são sempre belas e de recordar com alegria.
JMC
e o gosto ficou-te ...pelos gatos e pelo comer da 1ª fatia de bolo...
Linda história, nina!
o teu relato remeteu-me para um quintal remoto, com um castanheiro mais antigo ainda, onde as ervas já nesse tempo cresciam sem lei, mas onde parte de mim ficou, não sei já de que forma e porquê, mas acho que descobriria se lá voltasse. obrigado pela viagem mental que despoletaste. beijinho. J.
Esses cheirinhos que a memória dá são uma maravilha.
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