Monday, October 24, 2005

A resposta está nos genes

Actualmente o tratamento do cancro é realizado tendo em conta numerosas variáveis que poderão influenciar o desfecho do tratamento. Primeiro, são tidos em conta aspectos relacionados com o doente e com o grau de desenvolvimento da doença, depois é tida em conta a aficácia dos agentes e seus efeitos secundários, e finalmente os seus preços.
Para determinada patologia existe uma escala de tratamentos que vão sendo sucessivamente experimentados até ser encontrado um ao qual o doente responda. Normalmente começa-se pelo agente com o preço mais baixo que demonstrou ser eficaz no decurso de ensaios clinicos, e com um perfil de tolerabilidade mais positivo.
No entanto verifica-se uma grande variabilidade de resposta ao mesmo agente por doentes com a mesma patologia. Algumas pessoas respondem bem ao agente de primeira linha, enquanto outras tem de experimentar outros. Porque é que pessoas com o mesmo tipo de cancro apresentam respostas tao dispares ao mesmo tratamento? A resposta está nos genes.
Actualmente muita da investigação relacionada com o cancro centra-se precisamente neste aspecto. Tenho o prazer de contar entre os meus amigos Tim Crook, um dos mais proeminentes investigadores mundiais da Genética do cancro, e tenho por isso o privilégio de seguir muito de perto a investigação e os promissores resultados dos últimos dois anos. Tim lidera a equipa Cancer Genetics and Epigenetics Lab no Breakthough Cancer Research que investiga o papel de genes especificos na predição da doença e do desfecho clinico no cancro da mama.
O objectivo da equipa é ser cacaz de prever, através da “assinatura genética” de um cancro de uma determinada doente, a probabilidade de o cancro crescer agressivamente e a sua capacidade de se espalhar para areas distante (metastases); bem como o risco de recorrencia após tratamento (aparentemente eficaz) e a optimizacao da escolha dos agents quimioterápicos para o tratamento. Este último aspecto tem uma importancia vital, uma vez que, conforme resultados ja publicados (Exemplo), a expressao ou não de determinados genes implica que a doente responda bem ou seja resistente a determinado agente quimioterápico. Assim, em vez de tentar agentes sucessivos até obter uma resposta positiva, os médicos serão capazes de prever e usar desde o inicio os agentes que terão mais sucesso no tratamento da doença.

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

É com felicidade que temos a oportunidade de vermos o grande passo que a ciencia dar. É vida com sáude para muitas melheres que são vitimas deste mal. Bom inciio de semana. Bjos

4:46 PM  
Anonymous Anonymous said...

Sou ignorante na matéria, mas já ouvi dizer que, por exemplo, há hoje possibilidades de, através do código genético, prever, de algum modo, a possibildiade de ocorrência de cancro no intestino. Não sei se será assim tão directo, mas ouvi referências a especialistas nessa área, no Porto, nomeadamente no Hospital da Ordem da Trindade...

4:48 PM  
Blogger mfc said...

Oxalá a investigação tenha sucesso... num futuro que se quer próximo!

7:15 PM  
Blogger Rosario Andrade said...

Ola.
É de facto um privilégio. O Tim fala apaixonadamente do seu trabalho. Por vezes vamos tomar café, recebe uma mensagem no tm e exulta: I just got a message saying that there is a 80% mutation in the 5XPTO (este é inventado... nao consigo meter na cabeça aqueles genes todos) do you know the implications? exclama maravilhado, tenho de lhe dizer...não, va traduz lá. Ele chama-lhe "sexy science". É sem dúvida alguma, a pessoa mais inteligente que alguma vez conheci.

Confesso que o Tim nutre uma paixao assolapada por mim... infelizmente, não pude corresponder. Mesmo assim, o Mr. Big morre de ciumes...

8:58 PM  

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