Carcao
(van Gogh)
A contemplar a aldeia e toda a vastidão de montes, erigida no cimo desta elevação, encontra-se uma capela pequena e modesta, dedicada a São Roque. O ventre largo e manso do monte servia de eira. Era para lá que os cereais eram levados depois da ceifa. Os feixes de trigo, de cevada, de centeio, eram colocados em medas, molhes circulares de consideravel altura. Eram depois desfeitos a pouco e pouco, espalhando pela eira pequenas quantidades para trilhar. Durante longas horas sob o calor mortificador, os animais que arrastavam utensílios pesados sobre os feixes espalhados. Depois deste trabalho, havia ainda que lancar a mistura resultante ao ar, para com accao da gravidade e de alguma aragem, o grao cair pesado a um lado e a palha ser deslocada o suficiente para os permitir separar. Lembro-me das bestas e os homens a regressarem a casa exaustose arfantes, cobertos de um camada de finissimo pó, e de pequenas e inúmeras particulas de palha.
Mais tarde aparaceram as malhadeiras mecanicas, gigantes amarelos mecanizados que alimentados na eira com os molhes, regurgitavam o cereal para um lado, pronto a ser ensacado, e a palha para outro. E mais tarde ainda, surgiram as segadeiras. Estes sim, monstros completamente automatizados que iam pelos campos devorando as searas e deixando um rasto de fardos de palha devidamente atados, a distancias regulares.
No caminho para Argoselo, depois de vencer a inclinação acentuada do monte, mais um planalto amplo oferecia o corpo brando para servir de eira.
No caminho para as Eiras, na área a que se chamava “o Vale” existia uma fonte secular e um enorme tanque onde as mulheres iam lavar a roupa e actualizar os mexericos. A fonte dizia-se, era encantada. Nela aparecia ocasionalmente uma moura que morrera de amores. Muitas pessoas afirmavam terem-lhe visto os fios do cabelo e a linha de oiro de um novelo que ela dobava eternamente...
No caminho para as Eiras, na área a que se chamava “o Vale” existia uma fonte secular e um enorme tanque onde as mulheres iam lavar a roupa e actualizar os mexericos. A fonte dizia-se, era encantada. Nela aparecia ocasionalmente uma moura que morrera de amores. Muitas pessoas afirmavam terem-lhe visto os fios do cabelo e a linha de oiro de um novelo que ela dobava eternamente...
7 Comments:
Querida Rosario
Agradecemos sua visita constante e apoio ao nosso blog. Se você tiver alguma sugestão que melhore o nosso trabalho ou alguma dica que aumente o nosso tráfico na Internet,algum projeto ou programa que conheçam, por favor nos diga.
Um grande abraço dos amigos da Lata:
Odilene & Willam
Aqui no litoral era as desfolhadas do milho. Quando saía o milho rei (escuro) dava lugar a um beijo e um abraço. Tradições que se acabaram... enfim! Soube bem recordar, Rosarico. Só mesmo este blog para eu matar saudades...
BeijInhas Gordas
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Por aqui também era assim. Muito e duro trabalho, mal, muito mal pago.
Não tivemos fonte com moura encantada, tinhamos fontes onde o gado se dessedentava e se arranjavam namoricos.
Cpts.
Belo post! Gosto das tuas memórias de Carção.
Que lindo!!!!
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