A escola
(Geoffroy)
Na escola eu era sem dúvida privilegiada. Eu era uma pequena muito rosada, a cabeça emoldurada por caracóis escuros, uma curiosidade aguda e um espírito terrivelmente inquiridor. Talvez por isso ela me achasse piada. Talvez com outra professora o meu espírito tivesse mirrado mas ela esforçava-se por me manter interessada. Enquanto eu progredisse ela arranjava novos estímulos que eu devorava sempre com um interesse voraz. Passava muito tempo na secretária da D. Maria a fazer trabalhos que ela designava especialmente para mim. Trazia-me livros escolares alternativos que eu devorava avidamente.
A maioria dos recreios passava-os com ela na sala de aula. Fazia exercícios e desenhos, lia histórias, executava complexas colagens donde surgiam objectos a três dimensões. Dava-me liberdade para pensar e apresentar projectos, juntas elaborávamos posters com a tabuada e com os mais variados assuntos que depois expunhamos nas paredes da sala.
A maioria dos recreios passava-os com ela na sala de aula. Fazia exercícios e desenhos, lia histórias, executava complexas colagens donde surgiam objectos a três dimensões. Dava-me liberdade para pensar e apresentar projectos, juntas elaborávamos posters com a tabuada e com os mais variados assuntos que depois expunhamos nas paredes da sala.
Uma das coisas que eu mais gostava de fazer eram os testes. Ela tinha um sistema arcaico de fazer fotocópias usando um tabuleiro de gelatina. Escrevia-se o teste numa folha de tamanho regular com uma tinta solúvel na água. De seguida, colocava-se a página escrita sobre a gelatina e esta ficava inscrita como um negativo, pronta para imprimir outras páginas desde que se mantivesse a gelatina convenientemente humedecida. Só restava colocar uma a uma as folhas virgens na superfície da gelatina e retirá-las de seguida, impressas com o teste cada vez mais diluído.
Por todas essas razões adorei a escola primária.
24 Comments:
Amiga...
...ainda me lembro de fazeres os teus resumos a caneta, sem maiúsculas nem espaços...tiravas fotocópias e sublinavas com muitas cores...
Davas-lhe a cor necessária para aprenderes...aquelas formulas tipo moléculas e mais aqueles átomos todos esquisitos...
Eu achava engraçado, a caloira que cantava melhor que a "cantora"...!!!
Um beijinho
...e certamente, que de hoje a oito dias estaremos a falar lado a lado...
Professores bons são aqueles que conseguem desabrochar nossas capacidades, nos mostrar outras... Pensando no assunto, acho que consigo enumerar uma listinha de bons professores que tive. Bom recordar... Beijocas.
Que fofos! Que lembranças boas!! Sem dúvida é o melhor pedaço da vida...
Bjs
recordamo-los como verdadeiros mestres; mas eles ou elas recordam-nos a nós como verdadeiros desafios.
estou a ver-te como em tempos vi alguns alunos meus, ávidos... grandes estímulos para mim.
Hoje já não existem, ou existem menos... repartem-se entre solicitações várias e deixam morrer o jeito para tudo nas teclas de uma playstation... ou, mais tarde, se são muito aventureiros, na atracção das experiências proibidas.
O pior é se depois os encontramos a pedir moedas, quando estacionamos.
vejo que tiveste quem soube aproveitar e desenvolver o que em ti era inato.
Ora bom dia e bom domingo!
Nunca me deparei com esse métido de fazer cópias...
Entretanto, ocorreu-me que tenho em grande estima a D. Clarisse, minha professora da 1º e 3ª classes. Há uns anos, soube que estava muito doente. Provavelmente, já morreu...
Lembro-me dela com frequência.
Olá, estou concorrendo ao destaque da semana do blog entre amigos e te convido a cnhecer meu cantinho: http://lacoeabraco.blogspot.com.
Ah! Achei seu blog muito lindo.
Bjs
Kátia
Também me lembro de se fazerem cópias em gelatina e depois numas máquinas de stencil, ou com papel quimico.
Gosto de relembrar estas memórias de infância.
Um abraço
Este texto é bem o exemplo de que a memória dos momentos passados nos primeiro anos de escola são para nós dos mais marcantes.
Um abraço e boa semana
Olá Rosário!
Também a D. Maria foi minha professora da 1ª à 3ª classe, um dos últimos anos da sua carreira. Foi uma grande profissional e de um grande humanismo. Também guado muitas e boas recordações. Na nossa altura, lembro-me que ela adorava fazer teatros, principalmente no natal e páscoa, assim como a grande capacidade para fazer poemas. O ano passado aida fui visitá-la. Continua muito simpática e pergunta por todos nós.
Eu também. Bjinho Rosário.
Por isso, é que há professores e Professores.
Boa Semana.
JMC
O cheiro a papel, canetas de aparos, mata borrão, severos professores, tanta recordação...tanto tempo passou, fizeste-me viajar...
Doce beijo
É curioso: ainda há dias me lembrei que a minha professora da instrução primária também usava esse método para policopiar os teste...
Tem uma boa semana. Bjs
Um abraço.
Naquele tempo ainda se aprendia, hoje é isto...boa semana.
BOM DIA!!!
Olá Rosário!
Me fizeste lembrar de uma época muito feliz com este post!
Na minha escola, tínhamos um "mimiógrafo", era esta mesma maquininha que você descreve no seu texto. Os teste saíão fresquinho com cheirinho de álcool... Ai, ai... que saudade!
Mil beijos e obrigado pela lembrança saudosa.
Tom
Bom fim de semana e um abraço.
Há vinte anos atrás ainda se usavam esses tabuleiros. Lembro-me perfeitamente!
Que bela descrição da escola!
Jinhos.
E assim se inicia uma vida diferente... um maior desenvolvimento mental dá-nos capacidade para ultrapassar muitos obstáculos, mas podemos não ser felizes, apesar de tudo.
Um beijo
Daniel
Passei, bjikus e abracikus,
Felizmente também sempre fui muito estimulada na escola com uma relação muito proxima dos professores. Beijokas
Que beleza de história.
Nunca tinha ouvido falar nessa técnica de fotocópias.
As minhas recordações dos primeiros anos de escola não são felizes.
Beijinhos e sê bem-vinda a este nosso país.
Impressoes
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