Saturday, August 13, 2005

Horas Mortas

Caem do céu, lentas e pesadas, gotas de sombra...
... corroem lentamente o dia que me resta.
Dia inútil, vazio quase nada.
Esboço patético de uma vida
que se recusa a começar para mim.
A tarde toda no meu quarto triste,
na minha mortalha.
As horas vieram todas vestidas de cinza
e eu fui ficando, vencida.
É tarde.
Pelo menos assim parece
-o relógio diz-me que não...
E ele que sabe? máquina fria mecânica ruminante.
Imbecil! Que sabes tu?
Pingas certeiro orgulhoso,
como se tivesses na barriga todo o poder do Universo,
enquanto vegetas no teu coma pendular!
(lá fora a noite faz-me caretas).
não importa o que tu dizes.
É sempre tarde para quem está só.
Porque as horas nascituras,
(que deviam ser limpidas como sorrisos)
trazem no rosto as cicatrizes daquelas
que desfaleceram nos meus braços.

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